O Estado de S. Paulo

O que o Brasil precisa?

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OBrasil precisa de muita coisa. Saúde, educação, segurança, emprego e tudo mais. Acontece que o atendiment­o da maioria dessas necessidad­es depende de um espaço construído. Um lugar para acontecer. Um lugar chamado hospital, escola, escritório, fábrica, hotel, shopping e, é claro, moradia.

Quando falamos que a habitação é a base da prosperida­de econômica e social, não estamos puxando a brasa para nossa sardinha. De fato, ela o é. A moradia é certidão de cidadania. Dá às pessoas o senso de pertencime­nto. O pertencer a uma rua, bairro, cidade, estado, país. Um território para amar e chamar de seu. O que o Brasil precisa é de mais e mais habitações, próprias ou alugadas, grandes ou pequenas, mas dignas.

Além do compromiss­o com democracia, liberdades, direitos, reformas estruturai­s, ajuste fiscal, controle da inflação, manutenção dos juros baixos e estabilida­de, espera-se do próximo presidente da República empenho máximo em promover a moradia e garantir seus impactos imediatos no desenvolvi­mento econômico e na geração de empregos.

Diante disso, é fundamenta­l que seja estabeleci­da uma lei geral sobre licenciame­nto ambiental. Uma legislação que traga a indispensá­vel simplifica­ção e clareza, evitando idas e vindas e, principalm­ente, sobreposiç­ão de diplomas legais. O setor precisa de segurança jurídica para investir, ofertar habitações e gerar empregos em escala.

Também é imprescind­ível que os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) sejam destinados às suas finalidade­s originais, sem desvios, e que o orçamento do programa Minha Casa, Minha Vida, único capaz de atender ao menos favorecido­s, seja ampliado, não reduzido.

E como habitação não é só casa própria, é importante que o governo adote proposta já apresentad­a para criação do LAR (Locação Acessível Residencia­l), programa dirigido a famílias com ren- da de até seis salários mínimos, um segmento de continuida­de do MCMV.

As cidades também precisam de legislaçõe­s urbanas menos restritiva­s para enfrentar o déficit habitacion­al, que ultrapassa os 6 milhões de unidades, em nível nacional.

O direito de morar tem de ser superior à vontade de alguns poucos que, por exemplo, não querem empreendim­entos de habitação de interesse social como vizinhos. É possível trilhar caminhos alternativ­os para ampliar a oferta de áreas destinadas a novos empreendim­entos, em especial habitações de interesse social, como o uso sustentáve­l de áreas tombadas, preservada­s ou mesmo contaminad­as, as quais podem ser remediadas pelo mercado, com uso de tecnologia­s testadas e aprovadas.

Importante também incentivar o retrofit de imóveis degradados, conferindo-lhes nova vocação. E mesmo rever normas que mantêm bairros inteiros congelados à coletivida­de e deixam de servir as cidades, embora a maioria das casas esteja vazia. Diretrizes nacionais de desenvolvi­mento urbano podem orientar questões desta ordem.

O setor imobiliári­o tem tudo para acelerar a retomada do cresciment­o nacional. Basta que sejam oferecidas condições mínimas que lhe permitam trabalhar cada vez mais pelo Brasil e pelos brasileiro­s.

“O setor imobiliári­o tem tudo para acelerar a retomada do cresciment­o nacional”

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*Flávio Amary

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