O Estado de S. Paulo

‘PARA MIM, SIGNIFICA ENVOLVIMEN­TO, DOAÇÃO’

Um dos maiores artistas de rua do País, Kobra ganha cada vez mais espaço na arte e no mercado

- / L.G.

Em Nova York para realizar o projeto autoral ‘Cores pela Liberdade’, em que pintou uma série de 17 murais na cidade norte-americana, Eduardo Kobra falou com o

Estado, entre uma pincelada e outra, sobre criativida­de, os temas que escolhe para fazer suas obras e como enxerga a relação com os trabalhos que produz em parceria com algumas empresas.

• Qual é o significad­o de criativida­de para você? Acredito que meu desenvolvi­mento criativo tem muito a ver com sentimento, verdade e intimidade. Para mim, desenvolve­r algo criativo significa envolvimen­to e conhecimen­to dos temas que eu estou trabalhand­o e aplicando na minha obra. Claro que existem momentos de inspiração, mas a criativida­de está muito ligada QUEM É

✽ Eduardo Kobra nasceu na cidade de São Paulo e escolheu a arte de rua há 30 anos. Suas obras estão espalhadas pelos cinco continente­s, retratando temas como a paz e a tolerância. Em 2017, o artista pintou o maior mural do mundo, com 5.742 metros quadrados na sede da fábrica da Cacau Show, em Itapevi (SP). a verdade e isso pode ser apurado e melhorado com envolvimen­to, com doação.

• Sua arte ganhou forte dimensão, fazendo com que grandes marcas o chamassem para realizar alguns trabalhos. Como você enxerga esse movimento? Foi um processo que eu levei muitos anos para desenvolve­r e sou muito zeloso em relação a isso. Já passei por vários momentos complicado­s em que eu tive de me submeter a algumas situações de trabalho por uma questão de sobrevivên­cia. Mas eu sempre mantive a esperança de um dia conseguir ser mais respeitado pelo caminho que eu tinha decidido e pelos princípios que eu tomei na minha trajetória. Agora, depois de 30 anos pintando nas ruas, as associaçõe­s só acontecem quando a marca respeita os meus conceitos e o caminho que eu quero seguir. Eu posso sim pintar um prédio de uma empresa, contanto que ela me deixe ser livre para criar e que tenha a ver com a minha história e conceito. Se isso não ocorrer, o trabalho fica desconecta­do da minha vida, da minha trajetória.

• Como você vê a economia criativa no Brasil? Eu percebo a importânci­a dos artistas brasileiro­s, e de toda a habilidade que eles possuem, por trabalhare­m sem recursos e com pouquíssim­o apoio. E vejo, quando viajo, que o Brasil está na vanguarda em muitos aspectos. Justamente pelo improviso, pelas diferenças e dificuldad­es no acesso a alguns materiais.

 ?? AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO ??
AMANDA PEROBELLI/ESTADÃO

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil