O Estado de S. Paulo

As vítimas reincident­es

Levantamen­to do estadao.com.br revela que, em uma década, 20,4 mil carros foram levados mais de uma vez

- Hairton Ponciano Tião Oliveira

Um levantamen­to publicado no portal do Estadão em janeiro feito com base em mais de 419 mil registros de roubos de carros na Grande São Paulo nos últimos dez anos mostra que esse tipo de crime migrou do chamado centro expandido para as bordas da região metropolit­ana. O estudo mostra que o problema vem sendo reduzido desde 2014 (leia mais na pág. 18), mas ainda está em níveis maiores do que os do fim da década passada.

Não há dúvida de que há modelos que são mais visados pelos ladrões (confira a lista à direita). Mas o levantamen­to traz dados impression­antes. Pelo menos 20,4 mil carros foram roubados e furtados ao menos duas vezes ao longo da década. E 83 veículos que foram levados cinco vezes ou mais no intervalo de dez anos.

O representa­nte comercial Mauro Angelini Filho faz parte dessa tenebrosa estatístic­a. Ele teve o mesmo carro, um Chevrolet Kadett, levado por ladrões duas vezes. Antes, já tinha tido um outro veículo furtado, um Ford Escort. E, depois disso, sua esposa também foi vítima de furto, quando deixou seu Fiat Siena na rua e na volta não o encontrou mais.

A primeira vez que Angelini perdeu um carro foi em 2000. Ele tinha um Ford Escort “do ano”, e, ao sair da casa do pai na Vila Carrão, Zona Leste, o veículo não estava mais onde havia sido estacionad­o.

Dois anos depois, quando entrava em casa, em Guarulhos, com seu novo carro, um Chevrolet Kadett, Angelini e a família (a esposa e os dois filhos pequenos) foram surpreendi­dos por ladrões, um dos quais, armado. Ele conta que, na tentativa de acalmar sua esposa, que buscava proteger as crianças, um dos ladrões disse a ela que o carro seria devolvido.

De fato, no dia seguinte o Kadett foi encontrado pela Polícia. Contudo, o carro foi entregue sem alguns equipament­os, como o sistema de som, alto-falantes, estepe e macaco.

A rotina da família foi retomada, mas, menos de um ano depois, o representa­nte comercial foi à escola dos filhos e estacionou o carro na rua. Quando voltou, viu que o Chevrolet havia desapareci­do novamente. Dessa vez, para sempre.

O último furto de um carro da família ocorreu há dez anos. A esposa de Angelini foi a um evento em uma faculdade na Vila Rosália, em Guarulhos, e ao sair não achou seu Fiat Siena.

Todos os carros estavam no seguro. No episódio mais recente, a seguradora enviou um perito para checar se a esposa de Angelini estudava na região onde o Siena foi furtado, já que essa informação não constava na apólice. Se o carro ficasse estacionad­o regularmen­te próximo à faculdade, a seguradora poderia negar a indenizaçã­o.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO No período de apenas 8 anos, Angelini perdeu um Chevrolet Kadett, (roubado e depois furtado), um Ford Escort e um Fiat Siena

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