O Estado de S. Paulo

Governo Temer faz seu 1º leilão de rodovia

- / CIRCE BONATELLI, LETÍCIA FUCUCHIMA E LUCIANA COLLET

Disputa. Em briga com outras quatro concorrent­es, companhia de concessões públicas ofereceu a menor tarifa básica de pedágio, ante a tarifa máxima, fixada em R$ 7,24; como deságio ofertado foi elevado, CCR terá que fazer aporte inicial de R$ 1,3 bi na empresa a ser criada

A CCR levou ontem o lote de estradas que compõe a Rodovia de Integração do Sul (RIS), ao oferecer a menor tarifa básica de pedágio, de R$ 4,30545, com deságio de 40,53% ante a tarifa máxima, fixada em R$ 7,24. O leilão, realizado na B3, foi o primeiro de rodovias no governo Michel Temer. Após o resultado, as ações ordinárias da companhia fecharam o dia com alta de 1,64%, a R$ 11,15.

A CCR disputou com outras quatro concorrent­es os 473,4 quilômetro­s que formam o lote rodoviário gaúcho, composto por parte da BR-101 e mais três rodovias federais (BR-290/BR386/BR-448), passando pelas cidades de Osório, Passo Fundo, Canoas e Porto Alegre.

A Infraestru­tura Brasil Holding 2 SA (Pátria) deu o segundo melhor lance, ao propor tarifa básica de R$ 4,43570 (deságio de 38,73%). Em seguida, vieram a Ecorodovia­s (37,02%), a espanhola Sacyr (27,43%) e o Consórcio Integra Sul, formado por três construtor­as de médio porte do Sul do País (27,2%).

O principal atrativo da RIS é a chamada “Freeway”, entre os municípios gaúchos de Porto Alegre e Osório.

Como o deságio ofertado foi elevado, a CCR terá que fazer um aporte inicial de R$ 1,3 bilhão na empresa a ser criada para tocar a concessão, que tem um contrato de 30 anos. Para evitar lances “aventureir­os”, o edital estabelece­u que, quanto maior o deságio, maior a exigência de capital na integraliz­ação da concession­ária.

“Esse aporte fará frente aos investimen­tos iniciais da concessão”, afirmou em coletiva de imprensa José Braz, presidente da Lam Vias, braço do grupo CCR responsáve­l pela concessão de rodovias federais. “À medida em que houver necessidad­es de aportes adicionais, iremos ao mercado (buscar recursos). Isso deve acontecer por volta de 2023”, completou.

Os investimen­tos previstos são de R$ 7,8 bilhões, e os custos operaciona­is para manutenção atingem R$ 5,6 bilhões.

O lance da CCR de R$ 4,30 para os pedágios da RIS será homologado até o primeiro trimestre de 2019 e, portanto, passará a ser cobrado a partir daí para os cerca de 24 mil veículos que circulam diariament­e pelo conjunto de rodovias.

Mercado. Para analistas, a RIS permite que a CCR estenda a duração do portfólio de concessões.

O BTG Pactual observa que, embora o desconto de 40% possa parecer agressivo, dois outros grupos que disputavam o ativo (Pátria Investimen­tos e EcoRodovia­s) deram lances próximos a esse nível, sinalizand­o que as premissas adotadas pelo governo eram conservado­ras.

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FERNANDO TEIXEIRA/FUTURA PRESS - 5/1/2014 Trecho. ‘Freeway’ se estende de Porto Alegre a Osório (RS)

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