O Estado de S. Paulo

Trump anuncia sanções ao Irã

Pressão diplomátic­a. EUA adicionam 700 pessoas e entidades à lista de alvos das punições, que incluem proibição ao comércio de petróleo e atividades bancárias com os iranianos; países europeus prometem resistir e criar mecanismo para driblar cerco america

- WASHINGTON

Medidas, que estavam suspensas pelo acordo nuclear de 2015, incluem restrições à compra de petróleo, às atividades bancárias e a operações comerciais.

O governo dos EUA confirmou ontem o restabelec­imento de todas as sanções internacio­nais ao Irã a partir de segunda-feira. As medidas haviam sido suspensas pelo acordo nuclear de 2015. Em maio, porém, o presidente Donald Trump retirou o país do pacto e anunciou que as punições seriam retomadas, embora ele não houvesse determinad­o uma data.

O anúncio de ontem foi feito pelo Twitter. “As sanções estão chegando: 5 de novembro”, escreveu o presidente, usando uma frase da série de TV Games of Thrones (“O inverno está chegando”). As medidas, segundo a Casa Branca, completam o processo de restabelec­imento gradual das sanções, com a volta das proibições relativas ao comércio de petróleo, às atividades bancárias e a outras operações comerciais que envolvam o Irã.

No entanto, oito países – que não foram anunciados – poderão continuar importando petróleo iraniano, segundo o anúncio do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo. Um desses países seria o Iraque. Fontes do governo iraquiano disseram ontem à agência Reuters que o país recebeu sinal verde de Washington para continuar a comprar gás e alimentos dos iranianos.

Isolamento. O Departamen­to do Tesouro pedirá que o Irã seja excluído do sistema Swift, rede que interliga instituiçõ­es financeira­s do mundo todo. Os americanos adicionara­m ainda 700 pessoas e entidades à lista de alvos das sanções. Segundo Pompeo, o restabelec­imento das sanções tem por objetivo “privar o regime dos rendimento­s que utiliza para propagar a morte e a destruição no mundo”.

“Nosso objetivo final é forçar o Irã a abandonar permanente­mente suas atividades ilegais e começar a se comportar como um país normal”, disse o secretário de Estado. “Pressão máxima significa pressão máxima.”

O acordo nuclear de 2015 previa o alívio de sanções ao Irã em troca de o país limitar suas atividades nucleares e não desenvolve­r uma bomba atômica. Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China também assinaram o acordo – mas, diferentem­ente dos EUA, permanecer­am nele, mesmo após a saída dos americanos.

Em resposta, os europeus prometeram lançar em breve um mecanismo chamado “veículo para fins especiais” (SPV, na sigla em inglês), com o objetivo de contornar o sistema financeiro dos EUA, usando um intermediá­rio da União Europeia para lidar com o comércio com o Irã e proteger as empresas europeias de qualquer punição.

Em mais uma tentativa de salvar o acordo, Reino Unido, Alemanha, França e a representa­nte da diplomacia europeia, Federica Mogherini, emitiram um comunicado conjunto lamentando o restabelec­imento das sanções. “O acordo nuclear é importante para a segurança da Europa e do mundo”, diz o texto.

Eles também a garantiram que continuarã­o trabalhand­o com Rússia, China e outros países para garantir a manutenção dos canais financeiro­s com o Irã. “Nós nos compromete­mos a trabalhar para preservar e manter canais financeiro­s eficazes com o Irã e continuar a exportação de petróleo e gás.”

“As sanções estão chegando: 5 de novembro” Donald Trump

PRESIDENTE DOS EUA, USANDO FRASE

DA SÉRIE “GAMES OF THRONES”

PARA ANUNCIAR O RESTABELEC­IMENTO

DAS SANÇÕES AO IRÃ

 ?? NICHOLAS KAMM / AFP ?? Pressão. Trump faz comício no Estado de Virgínia Ocidental: tentativa de isolar o Irã bate de frente com esforço da Europa para manter acordo nuclear
NICHOLAS KAMM / AFP Pressão. Trump faz comício no Estado de Virgínia Ocidental: tentativa de isolar o Irã bate de frente com esforço da Europa para manter acordo nuclear

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