Planejamento deve considerar a taxa de inadimplência
Um erro frequente cometido pelos síndicos na hora de montar a previsão orçamentária, segundo os especialistas, é não levar em conta a inadimplência do condomínio. “É muito importante considerar a taxa de inadimplência do prédio, projetando corretamente os valores para que a previsão não saia defasada. A inadimplência afeta diretamente no valor da tarifa condominial, pois os pagamentos não recebidos acabam sendo divididos entre os adimplentes”, diz Marcos Gouveia, da Hubert Administradora.
Segundo o Departamento de Economia e Estatística do Secovi, o número de ações de cobrança por falta de pagamento da taxa condominial, do início do ano até setembro, foi de 8.673 ações.
Outra situação recorrente e prejudicial aos empreendimentos é o não reajuste anual da taxa de condomínio. Isso ocorre, segundo os entrevistados, porque muitos síndicos prometem que não haverá aumento para que possam se reeleger. “Eles usam essa promessa como plataforma política, mas isso é uma ilusão. O gasto é real e fazer um orçamento deficitário acaba trazendo a necessidade
“A taxa de inadimplência afeta diretamente o valor do condomínio, pois os pagamentos não recebidos acabam sendo divididos entre os adimplentes” GERENTE DA HUBERT CONDOMÍNIOS
de rateios extras, que desgastam o cotidiano do condomínio”, diz José Roberto Graiche Junior, da AABIC.
O síndico profissional Alex Costa, que assumiu a gestão de um condomínio na Vila Andrade recentemente, se surpreendeu com o legado da última gestora, que fazia previsões orçamentárias insuficientes e o déficit estava alto. “No planejamento financeiro, só havia os grandes gastos. Por exemplo, não considerava todos os encargos dos funcionários, colocava-se só o salário na despesa. E a síndica tinha prometido aos condôminos que, se eleita, ia baixar mais o condomínio. Foi complicado.”
Deixar para a fazer a previsão orçamentária de última hora, sem se atentar aos detalhes, acarreta em planejamento ineficaz. “A aprovação em assembleia só ocorre quando o síndico estudou e desenvolveu bem o tema”, afirma Angelica Arbex.
Marcio Gouveia