O Estado de S. Paulo

Deputados devem R$ 158,4 mi à União

Pendências estão registrada­s no CPF de parlamenta­res eleitos ou em CNPJs de empresas das quais são sócio

- / CAIO SARTORI, ALESSANDRA MONNERAT, LUIZ FERNANDO TOLEDO e PEPITA ORTEGA e CAIQUE ALENCAR, ESPECIAIS PARA O ESTADO

Levantamen­to feito na Procurador­iaGeral da Fazenda mostra que dos 513 deputados eleitos para a próxima legislatur­a, 96 deles – ou suas empresas – devem juntos pelo menos R$ 158,4 milhões em tributos à União.

Pelo menos 96 dos 513 deputados eleitos para a próxima legislatur­a devem, juntos, mais de R$ 158,4 milhões à União. Os valores inscritos na dívida ativa se referem a tributos não pagos e foram levantados pelo Estado na Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). As pendências estão registrada­s no CPF dos parlamenta­res e em CNPJs de empresas das quais são sócios. Elas incluem pendências previdenci­árias e outros tipos de tributos não quitados.

A maior devedora é a deputada Elcione Barbalho (MDBPA), com R$ 47 milhões de dívida em duas empresas do ramo de comunicaçõ­es. O Estado já havia mostrado que o ex-marido de Elcione, Jader Barbalho, é o senador eleito que mais deve à União, com R$ 57,7 milhões em pendências. Eles têm, inclusive, duas empresas em comum na contabiliz­ação da dívida.

O Congresso aprovou, no início de 2018, o novo Refis, programa de refinancia­mento de dívidas que beneficiou diretament­e vários parlamenta­res. A família Barbalho, conforme mostrou reportagem de agosto do jornal Folha de S.Paulo, teve quatro das seis maiores parcelas negociadas após a aprovação da lei. Procurados, eles não se manifestar­am.

As dívidas contraídas pelos cinco deputados que mais devem à União somam R$ 133,4 milhões, o que correspond­e a 84% do montante que o levantamen­to encontrou. Elcione Barbalho é seguida de perto por Wilson Santiago (PTB-PB), que deve no próprio nome R$ 43 milhões. O parlamenta­r, que era senador e vai migrar para a Câmara em 2019, alegou que o débito tem a ver com uma “orquestraç­ão política de adversário”. Segundo Santiago, ele teria sido incluído como sócio de uma empresa à qual nunca pertenceu.

Na Câmara desde 2003 e reeleito para assumir um novo mandato a partir do ano que vem, Fernando Giacobo (PRPR) aparece em terceiro. Ele tem débitos pessoais de R$ 6,9 milhões e de R$ 14,6 milhões nos CNPJs de três empresas, mas. Ao Estado, ele se limitou a dizer que quem tem dívida é a pessoa jurídica e que o caso já está na Justiça.

A quarta posição fica com Júlio

Cesar (PSD-PI), que tem encargos de R$ 11,1 milhões com a União. O valor correspond­e a R$ 4,7 milhões no CPF e R$ 6,3 milhões no CNPJ de uma empresa. “Isso é dívida de origem de crédito rural junto ao Banco do Nordeste e Banco do Brasil”, afirma o deputado. “Já está sendo registrada em cartório a negociação junto aos bancos.”

A seguir vem Pedro Westphalen, do PP do Rio Grande do Sul, com uma dívida de R$ 10 milhões em pessoa jurídica. O parlamenta­r não se manifestou.

O levantamen­to ainda mostra que os deputados eleitos respondem a um total de 67 ações nos tribunais regionais do Trabalho de seus respectivo­s estados, seja nos CPFs ou nos CNPJs de empresas das quais são sócios, segundo consulta no Tribunal Superior do Trabalho (TST).

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