O Estado de S. Paulo

Nas alternativ­as, foco em direitos humanos

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As provas de Linguagens e Ciências Humanas mantiveram foco em direitos humanos, incluindo questões sobre os 70 anos da Declaração Universal e sobre a ativista americana Rosa Parks, que desafiou a lei de segregação entre negros e brancos. Para os especialis­tas, no geral, o exame ganhou em nível de dificuldad­e e deve ser avaliado entre mediano e difícil.

Cultura africana, gênero, escravidão e democracia foram outros tópicos que voltaram a aparecer nos enunciados, como destaca Cláudio Hansen, do Descomplic­a. “O Enem voltou a ter um caráter crítico e contemporâ­neo.” Para Giuseppe Nobilioni, do Objetivo, “as provas sempre procuram refletir o momento que o País vive, e isso é sempre positivo”. Seu colega no Objetivo José Mauricio Mazzucco espera que essa linha continue nos próximos anos, “e as questões das minorias continuem a ser abordadas”.

Cláudio Caus, da Poli, destaca também o espaço para diversidad­es. “Em uma questão, o eu-lírico do texto, negro, assumia o discurso de opressor. Em outra, um anúncio publicitár­io incentivav­a a denúncia de assédio sexual. São temas muito discutidos recentemen­te, até nos debates políticos.”

Os estudantes elogiaram. “Uma questão que me chamou a atenção se referia a um tópico sobre saúde da mulher e fazia relação com o machismo. Essa questão quebra os paradigmas da família conservado­ra”, declarou Mateus Lopes, de 16 anos.

Hansen destaca que os textos da prova estavam mais densos, exigindo maior capacidade de leitura dos candidatos. “E em pelo menos umas cinco questões o estudante precisava ter leitura de mapa, gráfico ou esquema.” A candidata Micaela Ferraz, de 21 anos, também considerou a prova “fácil, porém cansativa”.

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