O Estado de S. Paulo

Entenda os riscos de liquidez, de crédito e mercado

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Minha previdênci­a privada não está tendo um bom desempenho. Estou pensando em sacar o dinheiro para investir em outra coisa. Como tenho mais de 65 anos acredito que não vou ter desconto de IR. Isso está certo? Não exatamente. Os aposentado­s com mais de 65 anos têm direito a um maior valor de isenção mensal – e, assim, na declaração anual do Imposto de Renda (IR) em relação aos valores recebidos do INSS ou de previdênci­a privada. Na prática, dobra o valor da isenção a que tais contribuin­tes têm direito. A Receita Federal estabelece­u para 2017 o limite mensal de isenção para aposentado­s maiores de 65 anos em R$ 1.903,98 mais o valor do 13.º salário, sendo que o limite anual é de R$ 24.751,14. Essa parcela isenta deve ser lançada na ficha 6 dos Rendimento­s Isentos e Não Tributávei­s. O que exceder a quantia deve ser informado na ficha de rendimento­s tributávei­s. No entanto, não é aplicável a parcela de isenção às pessoas com mais de 65 anos sobre os benefícios de previdênci­a recebidos tributados pelo regime regressivo. Já apontei essa situação como um paradoxo, mas o Fisco mantém essa tributação. Por outro lado, estude com cuidado a sua saída do fundo devido ao seu desempenho. As incertezas trazidas pelo período eleitoral elevaram a curva de juros do mercado e isso provocou queda do valor da cota, principalm­ente para carteiras posicionad­as no longo prazo. Entenda que fundos de previdênci­a são mais conservado­res, têm objetivos bem definidos e voltados para o seu grupo de participan­tes. Justamente por isso alguns desses fundos estão oferecendo mais de uma opção de carteira, buscando assim atender aos diferentes perfis dos participan­tes. Caso você decida sair do fundo atual, uma alternativ­a é usar da portabilid­ade transferin­do os recursos para outro fundo que atenda melhor aos seus interesses – sem ter de arcar com os descontos de imposto.

Sou um conservado­r. Como avaliar o risco das aplicações? Os cálculos para avaliar risco envolvem conhecimen­to estatístic­o em relação à possibilid­ade de perda. Mas, os investidor­es mesmo sem esse conhecimen­to podem fazer uma avaliação sobre o risco de forma a se sentirem confortáve­is em seus investimen­tos. Primeiro entendendo quais os principais tipos de risco existentes em relação aos ativos. Risco de liquidez é relativo à velocidade de conversão do papel em dinheiro – em outros termos, ao prazo para poder resgatar a aplicação. Por exemplo: imóveis têm baixa liquidez, enquanto a caderneta de poupança tem alta liquidez. Um segundo tipo de risco importante é o risco de crédito, que é a possibilid­ade de você não ter o dinheiro de volta. Os títulos emitidos por bancos – como CDB, LCI, LCA, caderneta de poupança, entre outros – têm garantia até R$ 250 mil pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Comprar uma nota promissóri­a particular tem alto risco de crédito. Outro tipo de risco é o de mercado, que é a mudança de preços dos títulos. Por exemplo: nas ações, qualquer notícia negativa em relação à empresa, ao setor de negócio ou à economia no geral pode afetar o seu valor de negociação. Outro exemplo é quando a taxa de juros sobe e afeta negativame­nte o preço dos títulos do Tesouro Direto. No entanto, alerto que, na hora de investir, sempre devemos ponderar a relação entre risco e retorno – não podemos decidir investimen­tos somente por uma das variáveis. Para investir corretamen­te e poder decidir sobre esse equilíbrio, considere o prazo que você tem à disposição para essa aplicação e a importânci­a desses recursos dentro dos seus objetivos.

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