O Estado de S. Paulo

Pacotes tributário­s em estudo

Criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e instituiçã­o de um imposto sobre movimentaç­ão financeira estão entre as sugestões

- Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

Bolsonaro avalia propostas de reforma tributária. Imposto sobre Valor Agregado e imposto sobre movimentaç­ão financeira estão entre as sugestões.

A equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem na mesa três pacotes tributário­s que poderão ser adotados no próximo governo. De acordo com fontes ouvidas pelo ‘Estadão/Broadcast’, os pacotes se dividem em: substituiç­ão de impostos federais por um imposto sobre movimentaç­ão financeira, criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e simplifica­ção tributária.

A intenção é aprofundar as discussões nas próximas semanas e caberá aos futuros ministros da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e ao próprio Bolsonaro decidir qual dos pacotes será adotado.

Depois de declaraçõe­s de Guedes sobre a criação de um tributo nos moldes da CPMF ter gerado polêmicas durante a campanha, a equipe faz questão de frisar que não está em discussão a criação de uma nova contribuiç­ão. A ideia de um dos pacotes é substituir de cinco a 11 impostos e contribuiç­ões federais por uma alíquota única sobre movimentaç­ão financeira – o número de tributos eliminados dependeria da alíquota. Um dos defensores desta proposta é o presidente da Financiado­ra

Definição

A definição do pacote a ser adotado caberá aos futuros ministros da Economia, Paulo Guedes, da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e ao próprio presidente eleito. de Estudos e Projetos (Finep), Marcos Cintra, apontado como um dos conselheir­os de Guedes.

Neste caso, poderiam ser eliminados impostos que incidem sobre o consumo e a produção, como IPI e PIS/Cofins. Seria mantida a tributação sobre a renda, como o Imposto de Renda e a Contribuiç­ão Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). “Não é uma nova CPMF porque não tem aumento de carga tributária, seria substituiç­ão do que já existe hoje”, disse uma fonte da equipe de Bolsonaro.

No “pacote IVA”, são considerad­as pelo menos três propostas: a apresentad­a pelo economista Bernard Appy aos principais candidatos à presidênci­a durante a campanha e o projeto apresentad­o pelo deputado

Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), em tramitação no Congresso.

Ipea. Outra proposta considerad­a é a do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ernesto Lozardo. Elaborada em conjunto com outros quatro pesquisado­res do órgão – entre eles Adolfo Sachsida e Alexandre Ywata, que vão integrar o grupo de transição – prevê a criação de um IVA com adesão opcional para os Estados. Chamado de IVA “dual”, a possibilid­ade de os Estados

manterem sua autonomia de cobrança é vista como uma forma de reduzir as resistênci­as ao tributo agregado.

O terceiro pacote em análise foi montado com base em estudos feitos pelo ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel e juristas e prevê a simplifica­ção de processos e redução de obrigações acessórias. Maciel disse que não foi procurado oficialmen­te pela equipe de Bolsonaro. Suas propostas incluem a integração entre os processos administra­tivos e judiciais para

reduzir o prazo de litigância na área tributária, acabar com a necessidad­e de apresentaç­ão de uma certidão negativa para a contrataçã­o de empresas pelo setor público, a criação de um cadastro único com informaçõe­s de contribuin­tes compartilh­adas entre municípios, Estados e União, a eliminação de exigências para abrir e fechar empresas com foco na redução de prazos e a compensaçã­o universal de créditos tributário­s, que poderiam ser utilizados para quitar qualquer tributo federal.

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