CNN processa Trump por veto a repórter
Emissora pede que Jim Acosta tenha de volta sua credencial para trabalhar na Casa Branca
A rede de TV CNN entrou ontem na justiça contra o presidente Donald Trump e cinco integrantes do governo americano para contestar a decisão da Casa Branca de suspender a credencial de trabalho do jornalista Jim Acosta. A suspensão ocorreu no dia 7, depois de Acosta discutir com Trump durante entrevista coletiva.
O processo é considerado uma escalada no ambiente de tensão entre Trump e os veículos de comunicação nos EUA, que inclui discursos do presidente contra o que considera “notícias falsas” quando está em desacordo com o que foi publicado e críticas a jornalistas.
A uma Corte Federal em Washington, a CNN argumenta que a decisão de suspender a credencial de Acosta viola a 1.ª Emenda à Constituição americana, que assegura a liberdade de imprensa.ArededeTVargumenta ainda que os funcionários do gabinete de Trump e o presidente violaram também a 5.ª Emenda, que assegura o devido processo legal – por retirarem a credencial sem aviso prévio.
O embate entre Trump e Acosta durante entrevistas coletivas é frequente. Mas na semana passada o presidente se irritou com a insistência do jornalista em perguntar sobre a caravana de imigrantes da América Central que se dirige aos EUA e tentou passar a vez para outro repórter, durante entrevista após os primeiros resultados das eleições de meio de mandato.
Uma funcionária da Casa Branca tentou retirar o microfone de Acosta, que rejeitou entregá-lo. “Já chega. Abaixe o microfone”, disse Trump. “A CNN deveria se envergonhar de ter você trabalhando, você é grosseiro e uma pessoa horrível”, afirmou o presidente.
Depois do embate, a portavoz da presidência, Sarah Sanders, criticou a posição de Acosta e afirmou que a Casa Branca não “toleraria um jornalista que ponha as mãos em cima de uma mulher jovem que simplesmente tenta fazer seu trabalho como estagiária”, em referência ao momento em que o jornalista confrontou a funcionária que tentava tirar o microfone de suas mãos.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) considerou um ato de “censura” contrário à liberdade de imprensa a suspensão da credencial do jornalista. A CNN informou que, apesar de o processo ser específico sobre a situação de Acosta, “isso poderia ter acontecido com qualquer um”. O receio nas redações em Washington é que o caso do jornalista se torne um precedente para situações em que Trump deseje barrar o trabalho de repórteres.
À justiça, a CNN afirma que Jeff Zucker, presidente da rede de TV, escreveu ao chefe de gabinete de Trump, John Kelly, pedindo que a credencial fosse devolvida a Acosta na semana passada. Kelly é um dos nomes processados pela CNN e por Acosta no processo, além de Trump, Sarah Sanders; um diretor e um funcionário do serviço secreto e um integrante do setor de comunicação da Casa Branca.