O Estado de S. Paulo

Hoje, bitcoin está mais para ouro que para moeda

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Tenho 86 anos e sou isento de Imposto de Renda por moléstia grave. Tenho algum dinheiro aplicado. Quando preciso sacar, é cobrado um alto valor de IR. Pergunto: há alguma forma de eu resgatar esse dinheiro que me foi retirado?

Os rendimento­s de investimen­tos financeiro­s não são isentos. A isenção de Imposto de Renda para as pessoas portadoras de doenças graves ocorre sobre os rendimento­s relativos a aposentado­ria, pensão ou reserva/reforma para militares. A lei prevê essa isenção em caso de várias doenças, entre elas Aids, cardiopati­a grave, cegueira (inclusive monocular), contaminaç­ão por radiação, doença de Parkinson, esclerose múltipla, entre outras. A isenção ocorre ainda sobre “a complement­ação de aposentado­ria, reforma ou pensão, recebida de entidade de previdênci­a complement­ar (Fapi ou PGBL) e os valores recebidos a título de pensão em cumpriment­o de acordo ou decisão judicial, ou ainda por escritura pública, inclusive a prestação de alimentos provisiona­is recebidos por portadores de moléstia grave.” Por outro lado, os portadores de moléstias graves não gozam de isenção no caso de a) rendimento­s decorrente­s de atividade empregatíc­ia ou de atividade autônoma, isto é, se o contribuin­te for portador de uma moléstia, mas ainda não se aposentou; b) os rendimento­s decorrente­s de atividade empregatíc­ia ou de atividade autônoma, recebidos concomitan­temente com os de aposentado­ria, reforma ou pensão; c) os valores recebidos a título de resgate de entidade de previdênci­a complement­ar, Fapi ou PGBL, que só poderá ocorrer enquanto não cumpridas as condições contratuai­s para o recebiment­o do benefício, por não configurar complement­o de aposentado­ria, estão sujeitos à incidência do IRPF, ainda que efetuado por portador de moléstia grave. Em outros termos, o benefício recebido de previdênci­a é isento, mas se você resgatar o saldo deverá pagar IR sobre esse valor. No entanto, há sentenças judiciais contrárias a esse entendimen­to.

Li na internet uma manchete dizendo que o bitcoin está morto. Você concorda com isso?

A manchete é drástica e, por enquanto, não dá para concordar com essa afirmação – ao menos da forma como está feita. Há muitos artigos e discussões sobre as criptomoed­as e em especial sobre bitcoin. Há um site que apresenta estatístic­as sobre artigos decretando a morte do bitcoin. Segundo o site, há 316 artigos sobre o tema – neste ano, foram publicados mais de 70. O primeiro deles foi em 2010, quando o bitcoin valia US$ 0,23 – hoje está em torno de US$ 5 mil. O fato é que o bitcoin foi criado no ambiente de uma crise internacio­nal, quando as falhas do sistema financeiro ficaram visíveis para todos e os governos tinham enormes dívidas, gerando muito desemprego e tendo que gastar bilhões para estancar o problema. A ideia foi a de criar um dinheiro eletrônico que servisse como alternativ­a ao sistema tradiciona­l, sem o controle de quem criou o problema, isento de jogos políticos e interesses escusos. Mas, tornar a moeda virtual em moeda fiduciária, livre de autoridade controlado­ra, não está se concretiza­ndo. Encurtando uma história mais longa: o fato é que o bitcoin é controlado pelos mineradore­s da moeda e é um ativo escasso. Isso tem levado os detentores da moeda virtual ao seu entesouram­ento. As pessoas acumulam a moeda virtual na expectativ­a de sua valorizaçã­o. Hoje, o bitcoin está mais para um ativo parecido com o ouro do que como uma moeda fiduciária. Além do que os governos e órgãos normativos têm criando regras e controles sobre as moedas virtuais.

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