O Estado de S. Paulo

Flink Sampa e o espaço aberto para o diálogo

Na véspera do Dia da Consciênci­a Negra, festival abre sua 6ª edição em homenagem a Conceição Evaristo e reúne autores brasileiro­s e estrangeir­os

- Maria Fernanda Rodrigues

Quando o Brasil foi homenagead­o na Feira de Frankfurt, em 2013, Paulo Lins era o único autor negro na comitiva oficial. À época, a então ministra Marta Suplicy justificou dizendo que não havia muitos autores negros no Brasil. A história é relembrada agora pelo escritor e crítico Tom Farias para explicar o contexto da criação da Flink Sampa, um festival literário que surge como resposta à fala da ministra e também para dar voz a uma vasta e rica produção.

Com a presença de autores afrodescen­dentes e de escritores africanos, a Flink Sampa – Festa do Conhecimen­to, Literatura e Cultura Negra abre nesta segunda, 19, sua 6.ª edição. Este ano, ela será realizada na Faculdade Zumbi dos Palmares até quarta, 21, e contará com atrações para todas as idades – de debates literários e contação de histórias a shows, exibição de filmes e venda de livros.

A escritora Conceição Evaristo é a homenagead­a desta edição do evento e Farias, que volta à curadoria depois de dois anos longe da função, conta que procurou reunir, na programaçã­o, autores que trazem em seus trabalhos um pouco da temática que perpassa a obra ou a forma de expressão de Conceição: a militância, a luta pela promoção da diversidad­e e contra o racismo e a questão do gênero.

Na Flink, além de ser homenagead­a hoje, às 11h, com uma mesa que vai reunir Jurema Oliveira (Brasil), Teresa Cárdenas (Cuba) e Vera Duarte Pina (Cabo Verde), a escritora mineira radicada no Rio participa, ainda, na terça, às 14h, de um debate sobre a atualidade de Carolina Maria de Jesus, escritora descoberta por Audálio Dantas na favela do Canindé e autora de Quarto de Despejo – ela ganhou recentemen­te uma biografia feita por Tom Farias e publicada pela Malê.

Conceição também aproveita para lançar seu novo romance, Canção Para Ninar Menino Grande, obra que inaugura o catálogo da editora Unipalmare­s.

“O Brasil precisa de diálogo, precisa se escutar. A literatura tem um papel fundamenta­l nessa questão da escuta e a Flink, por meio da literatura, se propõe a isso ao lado de autores jovens, como Geovani Martins, e maduros, como Martinho da Vila. Esse balaio de ideias – de quem está chegando e de quem já está na arena de batalha – é o marco, o caminho e a missão da Flink”, diz o curador.

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RAFAEL ARBEX/ESTADÃO Homenagead­a. Ela apresenta novo romance no evento

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