Menos garagens e os novos apartamentos de São Paulo
Morar em regiões centrais de grandes cidades como São Paulo, por exemplo, traz benefícios como facilidade de acesso aos centros comerciais e empresariais, já que a malha de transporte ajuda na interligação de tantos lugares por intermédio de linhas de metrô, ônibus e trens. Além disso, a criação de ciclofaixas e ciclovias também impactou de maneira positiva a mobilidade em grandes centros urbanos. Esse fenômeno explica o aumento no número de empreendimentos lançados, ou em construção, sem vagas de garagem.
Dados apurados pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP), a pedido do Jornal O Estado de S. Paulo no mês de setembro de 2018, mostram que entre 2014 e junho desse ano, ao menos 120 empreendimentos com quase 12 mil apartamentos sem vagas de garagem foram lançados na cidade.
Diversos fatores contribuíram para essa alteração de comportamento de compra por parte dos consumidores. Um deles é o Plano Diretor Estratégico (PDE) aprovado no município em agosto de 2014. Mesmo com diversas restrições e possíveis melhorias, ele liberou a nova característica. Vale destacar que na lei de zoneamento anterior era exigido que os empreendimentos residenciais tivessem, no mínimo, uma vaga de garagem por apartamento.
Grande parte dos imóveis sem garagem são mais compactos – com área média de 31,5 m² - tornando-se ideais para quem deseja morar sozinho ou para pequenas famílias. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam que no ano de 2015, mais de 10,4 milhões de pessoas moravam sozinhas no Brasil. A praticidade e o custo de manutenção são aliados de quem opta por espaços menores. Além disso, as unidades sem vaga são mais baratas, pois o custo de obra é menor e isso, consequentemente, se reflete no valor final do imóvel. Também se gasta menos com o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
O Brasil se recupera lentamente da grave crise financeira e política, o que impacta diretamente no poder aquisitivo das famílias. Por esse motivo, muitas famílias precisaram adequar o sonho da casa própria a novas modalidades, como é o caso de imóveis menores que cabem no orçamento. O mesmo PDE, que flexibilizou a criação de edifícios sem garagem, impôs outras regras que podem encarecer em até duas vezes o valor do imóvel.
Para quem busca qualidade de vida, outra motivação para a escolha desse formato de moradia é preferência pela proximidade com o local de trabalho. Neste cenário, os condôminos promovem iniciativas criativas que estimulam o compartilhamento de carros e bicicletas. Existem exemplos de parcerias com aplicativos de caronas. Para auxiliar nessas facilidades muitos empreendimentos passaram a oferecer também opções voltadas ao compartilhamento de espaços e serviços, como bicicletários e lavanderias, por exemplo.
Há uma necessidade global por espaços compactos, seja por questões financeiras seja por preferências relacionadas ao estilo de vida. O grave problema de mobilidade urbana pode ser compensado com o transporte público eficiente assim como a proximidade ao trabalho, à escola e ao lazer. Hoje, o mercado imobiliário está atento a todas essas mudanças e permanece inovando para se adaptar aos desafios mercadológicos e econômicos que passa o Brasil. As empresas seguem identificando as necessidades dos consumidores, para entregar soluções e implementar ajustes que facilitem a conquista do sonho da casa própria.
Esse fenômeno explica o aumento no número de empreendimentos lançados, ou em construção, sem vagas de garagem