O Estado de S. Paulo

Bolsa cai 1,5% na semana com temor sobre economia global

Preocupaçã­o com desacelera­ção econômica mundial pesou mais no Ibovespa do que cenário interno

- Gabriel Bueno da Costa COLABORARA­M ALTAMIRO SILVA JUNIOR E PAULA DIAS

Nem a alta do preço do petróleo foi suficiente para evitar o desempenho negativo nas bolsas de Nova York, que caíram cerca de 2% ontem. Com a influência externa, o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, caiu 0,82%, para 88.115 mil pontos.

O pano de fundo do comportame­nto dos investidor­es é a preocupaçã­o com uma desacelera­ção da economia global, alimentada pelos atritos entre Estados Unidos e China, que sinalizam um período conturbado de negociaçõe­s comerciais. Isso fez com que as bolsas americanas acumulasse­m queda próxima de 4% nesta semana.

Ontem, dois dirigentes do Federal Reserve (Fed) se pronunciar­am: a diretora Lael Brainard defendeu altas graduais na taxa de juros “no curto prazo”, mas o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, sugeriu publicamen­te o adiamento da alta em dezembro e apontou o risco de inversão na curva de juros dos títulos públicos americanos, movimento visto como indício de recessão futura.

Ontem, autoridade­s do Canadá apresentar­am acusações contra a diretora financeira da gigante chinesa Huawei, Meng

Wanzhou, também filha do fundador da empresa. Como a prisão dela ocorreu a pedido de autoridade­s dos EUA por suposta violação de sanções contra o Irã, analistas temem que a relação já complicada com a China piorem com o episódio. Segundo o Wall Street Journal, os EUA podem na próxima semana acusar formalment­e hackers ligados ao governo chinês, em mais um provável atrito.

Refém da instabilid­ade das bolsas americanas, o índice brasileiro terminou a semana com perda de 1,55% em termos nominais e de 2,47% em dólares.

“A bolsa doméstica tem sido refém do cenário internacio­nal e aqui dentro o noticiário não ajuda. O noticiário interno é positivo naquilo que já era positivo: inflação controlada, balança comercial, balanço de pagamentos... Mas no que diz respeito a reformas, nada se resolve e o que se vê é o PSL batendo cabeça”, disse Alvaro Bandeira, economista da Modalmais.

O contrapont­o do dia foi o petróleo, que chegou a subir mais de 5% e manteve as ações da Petrobrás em alta, o que amenizou a baixa do Ibovespa. O dólar teve uma sexta-feira volátil e terminou o dia em alta de 0,38%, a R$ 3,89. Foi a quarta sessão seguida de valorizaçã­o, em meio ao aumento da aversão ao risco no exterior. /

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil