Jornalistas são a personalidade do ano da revista ‘Time’
Escolha, segundo diretor, reconhece aqueles que ‘pagaram terrível preço por encarar os desafios deste momento’
O saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, e outros três jornalistas de várias partes dos mundo foram escolhidos ontem como “Personalidades do Ano” pela revista americana Time. “Este ano, estamos reconhecendo quatro jornalistas e um meio de comunicação que pagaram um terrível preço por encarar os desafios deste momento”, afirmou Edward Felsenthal, diretor da revista Time. “Como todas as virtudes humanas, a coragem nos chega de diferentes maneiras e em diferentes momentos.”
Com o título de Guardiões na guerra contra a verdade, além de Khashoggi a publicação homenageou a jornalista filipina Maria Ressa, os dois repórteres birmaneses da agência de notícias Reuters, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, atualmente na prisão, assim como a redação do jornal local Capital Gazette, que sofreu um atentado em julho que matou cinco de seus profissionais em Annapolis, no Estado de Maryland. O prêmio “reconhece a pessoa ou grupo de pessoas que mais influenciaram as notícias e o mundo – para o bem ou para o mal – durante o ano”. É a primeira vez que jornalistas são eleitos personalidades do ano pela revista, que concede esse título desde 1927. Além disso, nunca uma pessoa morta havia sido nomeada como principal personalidade do ano. A revista ainda cita outros casos de perseguição a jornalistas no mundo, entre eles a brasileira Patrícia Campo Mello, repórter do jornal Folha de S. Paulo.
A revista Time decidiu publicar quatro capas diferentes, para destacar cada jornalista ou grupo de jornalistas escolhidos. O grupo de profissionais de imprensa acabou derrotando Donald Trump, designado como personalidade do ano em 2016, que ficou em segundo lugar no ano passado. O presidente dos EUA foi apontado pelas casas de apostas como favorito para este ano.
Esta é a segunda vez que a revista escolheu um grupo e não uma única pessoa. Em 2017, a publicação selecionou aqueles que “quebraram o silêncio” diante do assédio sexual. O procurador especial Robert Mueller, encarregado de investigar o conluio entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia, na eleição de 2016, ficou em terceiro lugar na classificação.