ONU lamenta saída do Brasil de pacto global
Agências da ONU e entidades internacionais criticaram ontem a decisão do governo do presidente eleito de Jair Bolsonaro de se distanciar do Pacto Global para Imigração e alertam que os maiores afetados serão os mais de 3 milhões de brasileiros espalhados pelo mundo, muitos em condições de vulnerabilidade.
O anúncio do afastamento do novo governo foi feito no Twitter pelo futuro chanceler, Ernesto Araújo, no mesmo dia em que o Itamaraty aprovava o acordo, em uma reunião da ONU no Marrocos. “A imigração não deve ser tratada como questão global, mas sim de acordo com a realidade e a soberania de cada país”, disse Araujo, chamando o marco de “ferramenta inadequada para lidar com o problema”.
“O Brasil buscará um marco regulatório compatível com a realidade nacional e com o bem-estar de brasileiros e estrangeiros. No caso dos venezuelanos que fogem do regime de Maduro, continuaremos a acolhê-los”, afirmou Araújo, que ontem repetiu os tuítes.
“É sempre lamentável quando um Estado se dissocia de um processo multilateral, em especial um (país) tão respeitável de especificidades nacionais”, declarou Joel Millman, porta-voz da Organização Internacional de Migrações, ao ser questionado sobre a informação relativa ao Brasil.
Para entidades, a decisão do Brasil terá um impacto para brasileiros espalhados pelo mundo. “Hoje, há muito mais brasileiros vivendo no exterior do que imigrantes aqui no Brasil”, afirmou Camila Asano, coordenadora de programas da ONG Conectas.
“Há o dobro de brasileiros no exterior em comparação aos estrangeiros no Brasil. Para o Brasil, é vantajoso ter um pacto que respeite o direito do imigrante” João Chaves
DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL