O Estado de S. Paulo

Eleitores negros nos EUA foram alvo dos russos, diz estudo

Segundo comissão do Senado, objetivo era suprimir voto em Hillary Clinton e ajudar na eleição de Donald Trump

- WASHINGTON

A campanha de influência russa nas eleições de 2016 pelas redes sociais dedicou um esforço extraordin­ário para atingir eleitores negros. A estratégia tinha como objetivo prejudicar o comparecim­ento deles às urnas por meio de mensagens no Instagram e no Facebook. As informaçõe­s, segundo o New York Times, estão em um relatório da Comissão de Inteligênc­ia do Senado.

O relatório revela novos detalhes da ingerência russa na eleição e do esforço que, segundo os autores do estudo, continua até hoje. A campanha foi comandada por uma empresa chamada Internet Research Agency (IRA), de São Petersburg­o, de propriedad­e de Yevgeny Prigozhin, aliado do presidente russo, Vladimir Putin. Ela criou perfis falsos e espalhou mensagens via Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Reddit, Tumblr, Pinterest, Vine e Google+, entre outras plataforma­s.

Os relatórios confirmam suspeitas anteriores de que a campanha russa foi projetada para atacar Hillary Clinton, enaltecer Trump e exacerbar as divisões já existentes na sociedade americana. Agora, porém, os pesquisado­res deram atenção especial aos negros e descobrira­m que, em muitos casos, os anúncios no Facebook eram direcionad­os a usuários que mostraram interesse em tópicos específico­s, como a história dos negros, o Partido dos Panteras Negras e Malcolm X.

Os russos também criaram dezenas de sites que tinham uma suposta origem negra. No YouTube, a maior parte do compartilh­amento das contas falsas russas incluía conteúdo do movimento Black Lives Matter ou falava sobre violência policial. Das 81 páginas no Facebook criadas pelos russos, segundo o estudo, 30 tinham como alvo o público negro, acumulando 1,2 milhão de seguidores.

Uma das autores do relatório, Renee DiResta, disse que os russos se aproveitar­am de queixas já existentes. “Tensão racial e sentimento de alienação existem nos EUA há décadas”, disse Renee. “Os russos não os criaram, apenas os exploraram.”

Outra novidade é que o estudo sugere que uso do Instagram pode ter sido mais eficaz do que o Facebook. O relatório diz que havia 187 milhões de engajament­os no Instagram – usuários “curtindo” ou compartilh­ando conteúdo criado na Rússia –, em comparação com os 76,5 milhões no Facebook.

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LEAH MILLIS/REUTERS Voto. Protesto de movimento negro em Washington

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