O mercado imobiliário e a perspectiva de retomada para 2019
algumas culturas, acredita-se que o número oito traz sorte, sucesso e prosperidade. Coincidência ou não, o ano de 2018 foi um pouco mais equilibrado para o mercado imobiliário da cidade de São Paulo, mesmo diante de todas as dificuldades enfrentadas em 2017, ano considerado um dos piores da história do setor.
Os dados da Pesquisa do Mercado Imobiliário do Secovi-SP evidenciam essa recuperação. De acordo com a última edição, no período de janeiro a setembro de 2018, foram comercializadas 18 mil novas unidades residenciais na capital paulista, representando crescimento de 41% em relação ao mesmo período de 2017, quando foram vendidas apenas 13 mil.
Este crescimento se deve, em grande parte, ao fato de a base de comparação ainda ser fraca, ou seja, no período de janeiro a setembro de 2017, apesar de se iniciar uma fase de recuperação, o mercado imobiliário ainda sofria os efeitos da pior crise econômica da história do País.
Outros fatores importantes contribuíram para a leve recuperação nos índices de 2018. Em primeiro lugar, podemos citar a demanda por habitação. Estima-se que seja necessário construir perto de um milhão de moradias por ano para atender à demanda habitacional do Brasil. Essa necessidade é gerada pelo crescimento demográfico, pela formação de novos arranjos familiares e de pessoas que decidem trocar o aluguel por um imóvel próprio.
Para a região metropolitana de São Paulo, o número é de aproximadamente 130 mil unidades/ano. Parte dessa demanda por imóveis foi reprimida durante os anos de crise, pois, como o imóvel é um bem de alto valor agregado, os potenciais compradores adiam a decisão de compra e financiamento em momentos de incertezas e retomam esta intenção quando a situação apresenta sinais de melhora.
A demanda por domicílios está concentrada principalmente na faixa da população com menor poder aquisitivo e o programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) é protagonista para essa população. A fase 3 do programa trouxe importantes alterações que fomentaram o mercado, como a implantação da faixa 1,5, criada para funcionar como uma transição mais suave entre as faixas 1 e 2, com subsídio de até R$ 45 mil e visando beneficiar famílias com renda bruta mensal de até R$ 2.600. Essa medida foi importante, pois famílias dessa faixa de renda enfrentavam dificuldades para encontrar imóveis compatíveis com seu poder aquisitivo.
A importância do MCMV no ano de 2018 também foi detectada pela Pesquisa do Mercado Imobiliário. No período de janeiro a setembro, esse segmento representou 37% do total das unidades lançadas no período - esse percentual no ano passado era de 17%.
Outro destaque no ano foi a participação dos imóveis compactos. Do total comercializado de janeiro a setembro de 2018, as unidades com menos de 45 m² de área útil participaram com 58% das vendas no período. Este tipo de imóvel atende às necessidades da baixa renda e dos novos arranjos familiares, geralmente compostos, no máximo, por duas pessoas.
O avanço razoável das vendas proporcionou uma situação em que as ofertas estavam mais equilibradas. No início do ano, havia algo em torno de 21 mil unidades em oferta, o que era suficiente para atender a 11 meses de venEm das. Em setembro, a quantidade de oferta de imóveis não vendidos caiu para 17 mil unidades, o equivalente a 7 meses de vendas. Ou seja, já temos uma situação de oferta mais equilibrada. Se a tendência se confirmar em 2019, a preocupação será invertida e vamos passar a conviver com escassez de oferta.
Para o fechamento do ano de 2018, a previsão é de crescimento, em relação ao último ano, alcançando 27 mil unidades vendidas na cidade de São Paulo e, em termos de lançamentos, a previsão é de algo em torno de 28 mil unidades.
Para 2019, as expectativas são positivas com a eleição de um novo governo e sua agenda reformista, comprometida com o equilíbrio das contas públicas e atendendo aos anseios da sociedade e às necessidades do país.
Alguns assuntos preocupam, como os recursos destinados para o programa MCMV, que se mostraram insuficientes em 2018 e que são fundamentais, tendo em vista sua importância para as famílias com menor renda na aquisição da casa própria e para a economia, na arrecadação de tributos, na movimentação de outros setores da cadeia produtiva e na geração de empregos.
Também se faz necessária uma retomada do crescimento econômico, para que, dessa forma, os segmentos de média e alta renda também prosperem. É notório que essa parcela da população só realiza investimentos quando os índices de segurança financeira estão estáveis.
Por Edson Kitamura, gerente do Departamento Econômico do Secovi-SP.
Para 2019, as expectativas são positivas com a eleição de um novo governo e sua agenda reformista