O Estado de S. Paulo

UM REMÉDIO PARA FAZER O NATAL DE UM BEBÊ

A história de Anna Laura, que sofre de atrofia muscular espinhal (AME), comove a internet

- José Maria Tomazela SOROCABA

Afamília de Anna Laura Asevedo de Freitas, de 11 meses, luta contra o tempo. Eles tentam conseguir a compra de um medicament­o capaz de retardar o avanço de uma doença degenerati­va grave que mantém a criança em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O bebê foi diagnostic­ado há três meses com atrofia muscular espinhal (AME), doença progressiv­a que afeta os neurônios e leva à incapacida­de de movimentar praticamen­te todos os músculos do corpo. O desafio dos pais, Angélica Melo de Freitas, de 19 anos, e Armando Barros Azevedo Neto, de 22, jovens agricultor­es de Caruaru (PE), é conseguir R$ 2,2 milhões para garantir o tratamento da pequena Anna Laura por um ano.

Para isso, são necessária­s seis unidades do medicament­o Spinraza, produzido no exterior, ao custo de R$ 372 mil a unidade. A família até já obteve decisão favorável na Justiça à importação do Spinraza, dos Estados Unidos, mas a previsão dos advogados é de que todo o processo demore até 180 dias para ser concluído, tempo longo demais para as condições do bebê.

“Temos fé que vamos conseguir a primeira dose até o Natal. Será o maior presente que podemos dar para nossa filhinha”, disse Angélica. A menina está internada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, e precisou ser entubada. “Ela já está sem voz, chora e a gente só vê a lágrima, nem o choro está saindo”, diz, desolada, a mãe.

Doença de origem genética, a AME afeta a produção de uma proteína que cobre os neurônios motores da medula espinhal. Com isso, a transmissã­o dos impulsos nervosos do cérebro fica comprometi­da e a pessoa vai perdendo os movimentos dos músculos.

No caso de Anna Laura, diz a mãe, a doença é do tipo 1, a mais severa e de evolução rápida. “Ela está perdendo o movimento das mãos, já não consegue ficar com as mãozinhas abertas e os médicos estão usando uma talinha. Minha bebê está com ‘pezinhos de bailarina’ porque os músculos já não sustentam na posição correta. Está ficando molinha.”

Angélica conta que a gravidez transcorre­u de forma normal. Quando ela fez 3 meses, a gente observou que não tinha força para sugar o leite e isso foi desesperad­or.” A criança passou por vários médicos até chegar ao diagnóstic­o. “Quando disseram que era essa doença tão cruel, perdemos o chão, mas decidimos lutar com todas as nossas forças.” A campanha Ame Anna Laura, no Facebook, tem quase 50 mil seguidores e já arrecadou pouco mais de R$ 300 mil.

Há uma semana, Anna Laura saiu da UTI para ficar alguns momentos no colo da mãe. Em rede social, Angélica narrou essa alegria. “Não deveria ser um acontecime­nto histórico, mas um simples ato de uma mãe cuidando de sua filha. Desde que Anna Laura foi para a UTI, eu não sabia o que era pegar minha filha no colo. Foi um momento lindo, de extrema felicidade. Queria poder congelar o tempo nessa hora. Só quero ter a oportunida­de de fazer a Laura muito feliz.”

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ANGELICA DE FREITAS Pós-UTI. ‘Momento lindo’, diz mãe, ao pegar criança no colo

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