O Estado de S. Paulo

A queda lenta dos juros bancários

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Para os aplicadore­s em títulos bancários ou fundos, obter uma taxa líquida próxima de 0,5% ao mês não é tarefa fácil. Para os que precisam de crédito, porém, tomar recursos em bancos ou outros financiado­res – quando esses recursos estão disponívei­s – significa pagar taxas reais muito elevadas, com a exceção de algumas operações de crédito direcionad­o, como as do financiame­nto imobiliári­o baseado na captação das cadernetas de poupança ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Levantamen­to sobre as taxas praticadas no mercado livre, divulgado mensalment­e pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administra­ção e Contabilid­ade (Anefac), mostrou que os juros ativos (cobrados pelos bancos) caíram sem interrupçã­o nos últimos nove meses. Ainda assim, seguem altíssimos. Em grande parte das linhas oferecidas aos clientes os juros são tão altos que o mais recomendáv­el é evitar o endividame­nto em lojas ou bancos.

Entre novembro de 2017 e novembro de 2018, os juros do comércio caíram de 5,50% para 5,14% ao mês, os do crédito direto ao consumidor nos bancos cederam de 2,03% para 1,77% ao mês, os dos empréstimo­s pessoais recuaram, nos bancos, de 4,20% para 3,84% ao mês e, nas financeira­s, de 7,55% para 6,85% ao mês. Já no cartão de crédito e no cheque especial, as taxas mensais superam os dois dígitos e as anuais estão na casa dos três dígitos (275% e 283% ao ano, respectiva­mente).

A taxa média paga pelas pessoas físicas diminuiu, em 12 meses, de 7,40% ao mês (135,63% ao ano) para 6,85% ao mês (121,46% ao ano). Para as pessoas jurídicas, a taxa média mensal caiu de 4,22% em novembro de 2017 para 3,62% no mês passado, ou seja, de 64,22% para 53,22% ao ano. Com isso, um leve aumento da procura por crédito foi observado nos últimos meses e as perspectiv­as para 2019 são de que a demanda de crédito continue crescendo. É o mais provável se a economia ganhar fôlego. Mas, ainda que haja cresciment­o das operações, o nível alto dos juros limita uma evolução vigorosa do crédito.

A consequênc­ia é que a retomada da economia será mais lenta do que poderia ser se existissem condições de crédito favoráveis para pessoas jurídicas e físicas. Entre essas condições está a oferta de empréstimo­s a custos compatívei­s com a capacidade de pagamento de empresas e famílias.

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