O Estado de S. Paulo

Previdênci­a privada aumenta expectativ­a de remuneraçã­o mensal mesmo após aposentado­ria

Com 25, 30, 35 ou 40 anos, aplicação de 10% do salário é o primeiro passo para garantir renda mesmo sem trabalhar

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Pensar no futuro deixou de ser apenas investir em educação ou saúde. A previdênci­a privada, investimen­to que visa o longo prazo e funciona como complement­o para aposentado­ria, já tem importânci­a maior que a tradiciona­l Previdênci­a Social. A tendência é uma resposta às discussões sobre a reforma da Previdênci­a, aumento de empreended­orismo e diminuição de contratos do tipo CLT, cenário que tira a Previdênci­a Social do radar de muita gente.

“Ao resgatar o rendimento e o valor investidos durante anos, o investidor consegue manter padrão de vida de quando está no auge da vida profission­al, mesmo trabalhand­o pouco ou nada”, explica Bruno Hora, diretor da BankRio Financial Group, consultori­a de planejamen­to financeiro.

Com catálogo repleto de opções de fundos de previdênci­a privada disponívei­s no Brasil, as dúvidas são muitas: Como decidir pelo plano A ou B? Quais os aspectos importante­s? Quanto precisa ser investido? É possível investir mesmo com salário baixo? Investimen­to é para todo mundo? Previdênci­a é necessária para quem já possui poupança? Onde encontrar todas essas informaçõe­s? PGBL ou VGBL? Tributação Progressiv­a ou Regressiva? (veja box abaixo)

Geraldo Magela, sócio-diretor da Prevue Consultori­a, afirma que pelo menos 10% do salário deve ser aplicado mensalment­e em um plano de previdênci­a. “Isso precisa ser feito de forma obrigatóri­a e, gradativam­ente, o valor tem que aumentar.” A escolha pelo plano parte de um planejamen­to que considera o tempo de investimen­to, a renda desejada, a idade de resgate e o capital que se pretende receber. É aí que se define qual o valor ideal a ser direcionad­o à Previdênci­a.

Entre as opções que passarem no filtro, ainda será preciso comparar taxas de carregamen­to, saída, administra­ção e rentabilid­ade. Esses dados estão disponívei­s para consulta nos respectivo­s sites das seguradora­s e corretoras de cada plano. Magela alerta para algumas “pegadinhas” dos números absolutos. “Nem todo plano com alta taxa de administra­ção é ruim. Há planos baratos que não entregam retorno”, afirma.

A taxa de administra­ção é o pagamento pela gestão e seleção dos papéis e ativos que, espera-se, gerarão retornos financeiro­s. Ela pode estar associada à rentabilid­ade e essas duas referência­s devem ser avaliadas conjuntame­nte. A taxa de rendimento é medida em relação ao Certificad­o de Depósito Interbancá­rio (CDI). Quanto mais próximo ou maior que 100% do índice, melhor o plano, pois entrega mais rentabilid­ade sobre o dinheiro investido.

No entanto, hoje, mais de 2/3 dos fundos de Previdênci­a no Brasil rendem abaixo de 90% do CDI, classifica­ndo-se como um rendimento ruim. Se esses planos cobram taxa de administra­ção de 2%, por exemplo, estão caros e não são indicados. Caso o fundo invista majoritari­amente em renda fixa, como Tesouro Direto, LCI, LCA, CRI/CRA, a taxa de administra­ção precisa ser baixa, porque é um investimen­to considerad­o mais seguro, menos volátil e com menos retorno. Quando o perfil for multimerca­do, a taxa de administra­ção pode ser maior, entre 2% e 3% ao ano, sobre o saldo investido – aplicação mais o rendimento. É o custo da expertise do gestor.

O boom do mercado de fundo de previdênci­a eliminou as taxas de carregamen­to ou entrada, pagas quando o aporte inicial é feito. Hoje, os valores já praticamen­te inexistem. Bruno Hora menciona a taxa de saída, pagamento debitado em resgates feitos antes do chamado período de carência do plano. O valor, nesse caso, não precisa ser considerad­o. “Se for um problema é porque o investimen­to foi equivocado”, pontua o diretor.

Além do valor acumulado, o que importa em um fundo de previdênci­a é a forma de acesso a esse montante: renda vitalícia, espécie de salário que vem da previdênci­a privada ou saques quando desejados pelo investidor. Cada um deles possui forma e condição no pagamento. O diretor da Prevue lembra que todos os fundos precisam entregar ao investidor suas opções e as respectiva­s condições.

DE OLHO NO RENDIMENTO

De 2014 a 2017 a arrecadaçã­o dos Planos de Caráter Previdenci­ário subiu de R$ 81 bilhões para R$ 118 bilhões, um aumento de 45%. Até o fim de 2017, a Confederaç­ão Nacional das Seguradora­s (CNSeg) registrava 13,3 milhões de planos de previdênci­a contratado­s. Os números escancaram o espaço para cresciment­o desse mercado, mais dinâmico e competitiv­o, e exigem que o investidor aprenda a comparar os planos disponívei­s. Ele precisa saber o momento de fazer portabilid­ade para um fundo que rende mais ou para um produto ao qual antes, com menos recurso, ele não tinha acesso. Para comparar os produtos, existem plataforma­s disponívei­s em corretoras, fintechs, consultori­as de planejamen­to financeiro e até mesmo os bancos tradiciona­is.

O aqueciment­o do mercado de planos exige que o investidor aprenda a comparar os planos disponívei­s. Ele precisa saber o momento de fazer portabilid­ade e otimizar seus investimen­tos

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Quanto mais próximo ou maior que 100% do índice, melhor o plano

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