O Estado de S. Paulo

Brasil elogia abertura comercial dos EUA em sabatina da OMC

Enquanto Trump foi alvo de críticas de outros governos, Itamaraty indicou que quer cooperar com os americanos

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O governo brasileiro deixou de lado as críticas contra a guerra comercial liderada pelo governo de Donald Trump na Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), elogiou as tarifas de importação nos Estados Unidos e sinalizou uma cooperação no que se refere à reforma do sistema multilater­al. O recado brasileiro foi dado ontem, durante a sabatina da OMC sobre a política comercial dos EUA. Governos de todo o mundo enviaram 1,7 mil perguntas e críticas para a administra­ção Trump sobre suas práticas comerciais – apenas 33 foram enviadas pelo Brasil.

Trump foi duramente atacado em discursos de outros governos em Genebra diante da proliferaç­ão de medidas protecioni­stas e do bloqueio da Casa Branca aos trabalhos dos tribunais da OMC. O Brasil, ainda que tenha levantado críticas sobre subsídios, destacou os benefícios do comércio bilateral.

“Os EUA foram historicam­ente um dos líderes do regime multilater­al, inclusive na OMC”, disse o embaixador do Brasil na organizaçã­o, Alexandre Parola. “Não acreditamo­s que tais regimes sejam perfeitos. Não o são e damos as boas vindas a reformá-lo e aperfeiçoá-lo. Contamos com o engajament­o dos EUA. Da mesma forma, eles podem contar com o nosso.”

O Itamaraty destacou a importânci­a dos EUA como um “parceiro-chave do Brasil, tanto em termos bilaterais como no G-20 e na OMC” e, com base no informe oficial da entidade, indicou que as tarifas médias americanas são de 4,8%, o mesmo nível desde 2009.

O embaixador, porém, não citou o informe que destaca o aumento no número de medidas antidumpin­g. Em julho de 2018, 340 barreiras estavam em vigor nos EUA contra produtos estrangeir­os. Em junho de 2016, eram 269.

O Brasil lembrou que a exceção na sua relação comercial com os EUA é distorção no mercado agrícola. Nesse setor, as tarifas são em média de 9,4% e, em alguns casos, superam 100%.

Os subsídios são outra “preocupaçã­o” apontada pelo Brasil. Citando a OCDE, o governo indicou que o apoio passou de US$ 29 bilhões em 2008 para mais de US$ 39 bilhões em 2017.

Todas as grandes economias criticaram os EUA. “O sistema multilater­al está em crise profunda e os EUA são o epicentro”, afirmou embaixador da União Europeia, Marc Vanheukele­n.

Para o governo chinês, o protecioni­smo e as políticas dos EUA “fazem ressurgir os fantasmas do unilateral­ismo que estavam adormecido­s por anos”, disse o embaixador Zhang Xiangchen.

Aliados. Dennis Shea, o número 2 da Casa Branca para o comércio, acenou com vantagens para países aliados. “Estamos comprometi­dos em promover uma liberaliza­ção pelo mundo. Países que compartilh­em nosso compromiss­o eque estejam prontos para dar oportunida­des recíprocas em seus mercados domésticos podem contar com os EUA como um parceiro.”

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ANDRE DUSEK/ESTADAO-17/7/2018 Embaixador. Parola citou os EUA como um parceiro-chave

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