O Estado de S. Paulo

Mesmo após reajuste, CNJ prevê R$ 4,3 mil de auxílio-moradia

‘Pendurical­ho’ concedido a juízes havia sido revogado em troca do aumento no salário dos ministros do STF; benefício deve obedecer a regras mais rígidas

- / D.W.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve aprovar hoje a retomada do pagamento de auxílio-moradia de até R$ 4.377,73 para juízes, com previsão de reajuste anual. A decisão deve ser seguida pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). O “pendurical­ho” foi revogado no mês passado, em articulaçã­o em troca do aumento de 16,38% no salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A volta do benefício será possível depois que o ministro do STF Luiz Fux repassou a decisão para os conselhos das classes. A nova proposta prevê normas mais rígidas para a concessão do auxílio. O valor só seria repassado a magistrado­s que atuem fora da comarca de origem, não tenham casa própria no novo local e mediante comprovant­e de despesa. Em 2017, o Judiciário gastou R$ 291 milhões com o benefício e o Ministério Público, R$ 108 milhões.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou ontem que a Corte precisa se “conter” para evitar, segundo ele, o mesmo erro que teria sido cometido pelas Forças Armadas em 1964, quando os militares assumiram o poder no País.

“Você não pode querer ser poder moderador, ter legitimida­de como poder moderador, dar a última palavra como poder moderador e querer estar no palco. Jogar e apitar ao mesmo tempo não vai dar certo”, afirmou o ministro, durante palestra realizada em São Paulo. “O Supremo não pode cometer o mesmo erro que o antigo poder moderador de fato cometeu em 1964.”

Ainda segundo ele, a realização das eleições e a posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, evidenciam que a democracia no Brasil “ganhou vida própria”. “A democracia, a institucio­nalização da democracia no Brasil, ganhou vida própria. Pode ter problemas, pode haver crises, só que isso, de dois em dois anos com eleições, foi gerando um desenho institucio­nal próprio.”

Em outro momento da sua palestra, Moraes afirmou que montar um partido político no Brasil é “mais negócio” do que abrir uma empresa.

“Hoje, no Brasil, é muito mais negócio montar um partido. Por que você vai montar uma pequena empresa?”, disse ele, para acrescenta­r: “O PSL (partido de Bolsonaro), apesar de não ter a maior bancada, teve o maior número de votos em legenda, vai ter R$ 100 milhões (do fundo partidário). Isso é um absurdo, e não é porque é o PSL. Que empresa tem esse faturament­o no Brasil?”, questionou o ministro do Supremo.

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ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA Ministro. Alexandre de Moraes, do STF, em palestra em São Paulo; para ele, Corte não pode querer ser ‘poder moderador’

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