O Estado de S. Paulo

Temer e Bolsonaro podem dar aval conjunto à Embraer

- Tânia Monteiro Fernando Nakagawa / BRASÍLIA DYNIEWICZ / COLABOROU LUCIANA

O presidente Michel Temer recebeu documento com detalhes do acordo entre Boeing e Embraer. O negócio precisa da chancela do governo, dono de ação especial na companhia brasileira, para ser concluído. O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse que, se Michel Temer procurar Jair Bolsonaro para tratar do tema, o aval pode sair rapidament­e.

Gigantes do ar. Após brasileira e americana elaborarem contrato sobre união em jatos comerciais, governo tem 30 dias para dar seu veredicto sobre projeto; vice-presidente eleito acredita que os dois governos – o atual e o próximo – poderiam se unir e garantir aprovação

O Palácio do Planalto recebeu ontem mesmo o documento com detalhes do acordo entre Boeing e Embraer, após as empresas chegarem a um acordo sobre o contrato. Dono de uma ação especial na companhia brasileira, a chamada “golden share”, o governo precisa dar aval para o negócio. O prazo para a avaliação é de 30 dias e termina em 16 de janeiro de 2019. O vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, disse ao ‘Estado’ que, se Michel Temer procurar Jair Bolsonaro para tratar do tema, o aval pode sair rapidament­e.

O desenho do negócio, anunciado ontem, avalia a área de jatos comerciais da Embraer em US$ 5,26 bilhões, com o pagamento de US$ 4,2 bilhões à brasileira pela Boeing por 80% do negócio. O ponto mais polêmico é uma opção de a Boeing comprar, em dez anos, 100% da divisão de jatos comerciais da Embraer (leia mais abaixo). A Embraer terá apenas uma cadeira no conselho de administra­ção, mas sem poder de decisão. O contrato, porém, prevê que a futura joint venture precise do aval da brasileira para transferir sua produção a outro país.

Após o governo receber detalhes do negócio, Mourão defendeu o esforço para acelerar a união das duas companhias. “O negócio pode ser decidido de comum acordo. Se os dois conversare­m e concordare­m. Aí, já podem fechar isso”, disse. O vicepresid­ente eleito classifico­u o acordo como “fundamenta­l”, já que a maior concorrent­e da brasileira, a canadense Bombardier, está aliada à Airbus, maior rival da Boeing.

Temer e Bolsonaro apoiam a união das empresas. Nos últimos meses, Temer disse repetidas vezes que pretendia dar aval de imediato. No entanto, com o atraso nas negociaçõe­s e o acordo fechado a duas semanas do fim do mandato, ele tem sido aconselhad­o a deixar a missão para o sucessor.

Autoridade­s do governo lembram que não cabem alterações no contrato e que a decisão do presidente da República, que representa a “golden share”, é apenas se “aceita” ou “não aceita” o contrato nos termos atuais. O mais correto, diz uma dessas fontes, é que, como há prazo até 16 de janeiro, a nova equipe se debruce sobre o tema.

Desde a eleição de Bolsonaro, as duas fabricante­s não conversara­m com a equipe de transição nem com o presidente eleito. Fontes que acompanhar­am a negociação pelo lado das empresas argumentam, porém, que “há segurança” de que o novo governo apoia a operação.

Após a aprovação do governo brasileiro, o acordo terá de vencer o crivo dos órgãos antitruste no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa e na China. As empresas esperam que o trâmite seja rápido nos três primeiros, mas possa enfrentar complicaçõ­es em Pequim, apurou o Estado. A estimativa é que a operação seja concluída no fim de 2019.

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