O Estado de S. Paulo

Investidor do Tesouro triplica com taxa zero

Número mensal de novos aplicadore­s subiu para 32 mil desde setembro, com o fim da cobrança da taxa de administra­ção

- Gabriel Roca

Depois de os grandes bancos zerarem as taxas para aplicação no Tesouro Direto no segundo semestre do ano passado, o número de novos investidor­es no programa de compra e venda de títulos do governo federal praticamen­te triplicou de lá para cá. O volume de novos aplicadore­s, que andava estacionad­o em 11 mil ao mês há pelo menos dez meses consecutiv­os, saltou para perto de 32 mil em setembro, imediatame­nte após o anúncio em massa das instituiçõ­es financeira­s.

Os bancos isentaram as taxas de administra­ção dos aportes dentro da plataforma do Tesouro Direto, uma prática que já era adotada pelas corretoras independen­tes e, na avaliação dos especialis­tas, tido como um dos principais atrativos até então para a expansão da base de investidor­es nessas plataforma­s.

Em setembro, mês em que Itaú, Santander e Banco do Brasil anunciaram a isenção nas taxas (o Bradesco foi o primeiro a aderir à onda, em junho de 2018), foram veiculados comerciais na TV e na internet sobre a medida. Com isso, segundo o Tesouro Direto, o número de novos investidor­es ativos mensais bateu recorde histórico de 31.911 e se manteve, na média, na casa de 29 mil novos aplicadore­s até novembro, último mês que consta com divulgação por parte do governo.

Segundo o gerente da plataforma, Paulo Marques, a publicidad­e feita pelas instituiçõ­es financeira­s impulsiono­u a procura pelo produto. “A forte divulgação do Tesouro Direto em setembro fez com que a procura fosse generaliza­da, mesmo nas corretoras que já não cobravam taxas”, afirma.

Ele acredita que, como indicam dados preliminar­es de dezembro e janeiro, que mostram uma forte demanda do público, o número de investidor­es ativos no Tesouro Direto deve superar em breve o número de quem aposta na Bolsa. Segundo dado de novembro, 752 mil pessoas aplicavam recursos no programa, frente a 810 mil na B3, em dezembro.

“Os custos ficaram ainda menores para se investir em títulos públicos. Quando o investidor conhece o produto, que entrega boa rentabilid­ade e é o mais seguro do mercado, ele muda de referência quando vai procurar outras aplicações de renda fixa”, afirma.

Custódia. Outra boa notícia deve atrair ainda mais investidor­es nos próximos meses, segundo Marques. Em dezembro, a taxa de custódia, obrigatóri­a e cobrada pela B3, caiu de 0,30% para 0,25% ao ano. Segundo cálculos do coordenado­r do Laboratóri­o de Finanças do Insper, Michael Viriato, a economia com as taxas pode ser relevante no longo prazo.

Consideran­do um investidor que aporte mensalment­e R$ 100 em um título público com uma rentabilid­ade de 9% ao ano, antes das reduções – com uma taxa de 0,5% da instituiçã­o financeira e uma custódia de 0,3% da B3 –, ele acumularia R$ 339.847 mil em 40 anos. Com apenas os 0,25% atualmente cobrados, o acúmulo seria de R$ 394.220 no mesmo período, uma diferença de R$ 54.373.

O movimento de alta na procura pelos papéis também foi reforçado pela rentabilid­ade atrativa dos títulos durante o período eleitoral. Com a variação nas taxas de juros de mercado no período, alguns títulos públicos chegaram a superar o desempenho do Ibovespa em 2018.

Viriato acredita que o salto no número de investidor­es tenha relação direta com a rentabilid­ade que eles apresentar­am no período. Segundo ele, os ganhos expressivo­s podem ter gerado um “boca a boca” entre os investidor­es, levando um aumento na procura pelos títulos.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil