O Estado de S. Paulo

Interesses norteiam posição dos EUA sobre Maduro

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Na quinta-feira, o presidente venezuelan­o, Nicolás Maduro, assumiu um novo mandato. Washington reagiu à posse dizendo que o mandato era ilegítimo e Maduro um ditador.

No dia seguinte, Juan Guadó, presidente da Assembleia Nacional, controlada pela oposição, anunciou que estava pronto para assumir temporaria­mente a presidênci­a da Venezuela e pediu apoio das Forças Armadas. O Departamen­to de Estado dos EUA ofereceu apoio ao legislativ­o, mas não respaldou Guaidó como presidente interino.

“É hora de iniciar uma transição ordenada para um novo governo”, disse Robert Palladino, porta-voz do Departamen­to de Estado, pedindo a todos os venezuelan­os que “trabalhem juntos, pacificame­nte, para restaurar o governo constituci­onal e construir um futuro melhor”.

Geoff Ramsey, diretor-assistente para Venezuela no Escritório para América Latina, disse que o governo está deliberada­mente escolhendo suas palavras e engajado em uma “cuidadosa dança” na Venezuela. Segundo ele, os EUA podem dizer que Maduro não tem legitimida­de, mas não vão cortar relações diplomátic­as com a Venezuela.

Isso porque os EUA ainda recebem uma quantidade significat­iva de petróleo da Venezuela, disse Ramsey. “Isso significa que os EUA ainda têm interesses econômicos para manter sua presença em Caracas”, disse. Segundo ele, cortar os laços diplomátic­os com Caracas também prejudicar­ia a possibilid­ade de uma solução política negociada para a crise no país.

Em outubro, os EUA importaram 17,6 milhões de barris de petróleo e derivados de petróleo da Venezuela, segundo a Secretaria de Energia americana.

Após Guaidó anunciar que estava disposto a assumir a presidênci­a da Venezuela, o assessor de Segurança Nacional, John Bolton, disse que os EUA “apoiavam a decisão corajosa”, mas evitou em reconhecer o opositor como presidente interino.

Maduro, por sua vez, rejeita ceder à pressão interna e internacio­nal. Antes de sua posse, denunciou que Washington estava preparando um golpe contra ele e pediu à população e aos militares que estivessem preparados. “Nosso povo vai responder”, afirmou. Há pouco otimismo sobre uma mudança entre os venezuelan­os que permanecem em Caracas. “Todos estão desesperad­os e nossa situação é absurda. Mas Maduro vai ignorar isso e permanecer no poder”, disse Morelia Salazar, de 23 anos.

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