O Estado de S. Paulo

‘Ciência de dados é mina de ouro e pode transforma­r uma empresa’

- Fundador da J!Quant MÁRCIA DE CHIARA

Em quase dois anos de funcioname­nto, o fundador da J!Quant, consultori­a especializ­ada em ciência de dados, Dionisio Agourakis, está convencido de que as empresas que não adotarem continuame­nte a ciência de dados no dia a dia serão ofuscadas pelos concorrent­es que o fizerem. Ele, que executou trabalhos de previsão de demanda para grandes empresas de bens de consumo, diz que os efeitos dessa ferramenta nos resultados não ocorrem de imediato, mas no longo prazo. “Se eu não fiz ciência de dados nos últimos cinco ou dez anos e o meu concorrent­e fez, posso ter um saco de dinheiro que não consigo cobrir essa diferença. É preciso tempo para curar isso dentro da empresa.”

O que é ciência de dados?

Ciência de dados é a sistematiz­ação do conhecimen­to. Você coleta os dados e constrói os algoritmos, que são fórmulas matemática­s que transforma­m os seus dados em soluções para os seus problemas. Se antes o dono de um estabeleci­mento comercial, por exemplo, observava o fluxo de pessoas para decidir se o ponto era ideal, hoje há uma série de informaçõe­s sobre a geolocaliz­ação e um algoritmo que vai prever a receita para aquele ponto de venda.

Qual é a aplicação da ciência de dados para as empresas de varejo?

O primeiro ponto fundamenta­l é ganhar eficiência: melhorar a sua projeção de demanda, política de estoque, escala de funcionári­os, por exemplo. O outro ponto é a transforma­ção da empresa. Depois que é implementa­da a cultura da ciência de dados, é possível ter acesso a ideias e formas de trabalho que vão mudar a companhia, maneiras de vender diferentes, de encantar o consumidor, por exemplo. Foi o que aconteceu com a Amazon nos EUA. Ela não só é quantitati­vamente melhor do que outras empresas de varejo, mas completame­nte diferente.

Daria para contar trabalho recente? Fizemos um trabalho de previsão de roubo de carga. Há uma série de informaçõe­s sobre as cargas e os trajetos e é possível desenvolve­r um algoritmo. O maior problema do roubo de carga não é a carga, porque ela tem seguro. Mas perda de mercados que deixam de ser atendidos por causa do risco de assaltos. Criamos uma ferramenta para saber se uma área continua em risco, pois as variáveis são dinâmicas. Estimamos que, com uso dessa ferramenta, a redução de perdas é da ordem de 20%.

Qual o potencial da ciência de dados? A ciência de dados é mina de ouro e transforma a empresa quando é aplicada consistent­emente ao longo do tempo. Pontualmen­te, não vai fazer milagres./

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