O Estado de S. Paulo

Witzel proíbe performanc­e sobre ditadura no Rio

Governador afirmou que o Estado deve ser avisado previament­e sobre eventos realizados em espaços públicos

- Renata Batista / RIO

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse ontem, 13, que o governo do Estado precisa ser avisado previament­e sobre o conteúdo de exposições realizadas em espaços públicos. A Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa determinou o encerramen­to antecipado da exposição Literatura Exposta, na Casa França-Brasil. O motivo, justificou Witzel, foi uma performanc­e “com nudismo” que não estava prevista no contrato.

“Eu preciso, o Estado precisa, ser informado previament­e do que vai ser realizado dentro de um órgão público”, disse. “Não importa qual seria o tema daquela performanc­e, mas no contrato não havia previsão da performanc­e”, justificou. “Por isso, o secretário me comunicou que a decisão dele seria não permitir.”

Para o governador, a decisão não pode ser confundida com censura porque a exposição, que seria encerrada hoje, acontecia desde dezembro no espaço, que é administra­do pelo Estado, mas não havia previsão da performanc­e. Em dezembro, a obra A Voz do Ralo é a Voz de Deus, do coletivo És uma Maluca, já havia sido, em parte, vetada. Áudios com discursos do presidente Jair Bolsonaro que faziam parte da instalação foram proibidos e substituíd­os por gravações com receitas de bolo. A performanc­e que seria exibida hoje foi proposta pelo mesmo coletivo.

Na avaliação do governador, a performanc­e que faria referência à tortura na ditadura militar deveria ser avaliada pela Vara de Infância e da Juventude. Segundo ele, foi o secretário Ruan Lira quem o comunicou “de que haveria uma exposição, com nudismo, com mulheres” e que a decisão seria “não permitir”.

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CASA FRANÇA-BRASIL Voz do bueiro. Obra do coletivo És uma Maluca foi alterada

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