O Estado de S. Paulo

Formato traz desafios, dizem especialis­tas

- / F.R.

Especialis­tas em sistema penitenciá­rio fazem ressalvas à ideia de PPP dos presídios. Enquanto parte vê com bom olhos a aposta em um novo modelo, outros argumentam que a proposta pode acentuar desigualda­des entre as unidades prisionais, aumentando, assim, a tensão nas cadeias de São Paulo.

“Sou a favor de o País tentar outros modelos de custódia, porque presos não são padronizad­os”, diz professora de Criminolog­ia Elizabeth Sussekind, da UniRio. Para ela, a terceiriza­ção, se bem feita, pode significar menos burocracia e mais “dignidade” para presos. Mas, acrescenta, o governo já deveria ter feito estudos de caso no Brasil antes de anunciar. “Um projeto assim deve ser pensado desde o início com a empresa. Não dá para pegar o estabeleci­mento pronto e assumir.”

Já a socióloga Jacqueline Sinhoretto, da Universida­de Federal de São Carlos (UFSCar), diz que a tendência é aumentar a desigualda­de. “Como o repasse às empresas é fixo por contrato, se o governo estiver com déficit de recurso vai destinar menos recursos às unidades estaduais, aumentando ainda mais a crise prisional.”

Já a pesquisado­ra Camila Nunes Dias, da Federal do ABC (UFABC), diz ser inviável a ideia de separar detentos. “Vai ser por facção? Vai ser primário por reincident­e? Vai ser por tipo penal? Na prática, não funciona.”

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