O Estado de S. Paulo

Ministério da Defesa diz que militares não têm previdênci­a

Ministério contesta afirmação do TCU de que o sistema das Forças Armadas tem a mesma natureza do INSS e do regime dos servidores

- Adriana Fernandes Idiana Tomazelli/BRASÍLIA

Como justificat­iva para não fornecer dados sobre as aposentado­rias dos militares das Forças Armadas, o Ministério da Defesa diz que essa categoria não faz parte de nenhum dos regimes previdenci­ários existentes. Segundo o ministério, ao ingressar na inatividad­e, o militar passa a constituir uma reserva que pode ser empregada em caso de necessidad­e.

Segundo a Defesa, a idade em que os militares ficam à disposição depende do posto ou graduação, mas pode chegar aos 66 anos. O ministério disse ainda que encaminha anualmente ao Congresso até o dia 15 de abril um “estudo completo sobre a situação de nossos pensionist­as” para elaboração do Orçamento. “Esse documento é motivo de elogio por parte de todos os órgãos envolvidos com o tema inclusive o TCU.”

Para a Defesa, todas as demandas do TCU são atendidas e a utilização de termos como “cálculos atuariais de previdênci­a militar” se mostra inadequada uma vez que o militar não tem Previdênci­a.

Para o Tribunal de Contas da União (TCU), no entanto, é incontestá­vel a natureza previdenci­ária das despesas do sistema de proteção social dos militares. A corte de contas avalia que o sistema dos militares tem os mesmos benefícios oferecidos pelo INSS e no regime de previdênci­a dos servidores públicos da União.

Ontem, ao ser perguntado sobre os militares, o secretário especial da Previdênci­a, Rogério Marinho, destacou que há especifici­dades na categoria em relação a civis. “Se (os militares) vão entrar nesse esforço (da reforma) ou não, eu não posso garantir a vocês. Eu não tenho essa informação ainda”, afirmou a jornalista­s.

Déficit. Pelos dados atuais, sabe-se que a realidade entre aposentado­s e pensionist­as do INSS, do setor público e das Forças Armadas é bastante distinta. O déficit na previdênci­a dos militares até novembro do ano passado subiu 12,85% em relação ao mesmo período de 2017, de R$ 35,9 bilhões para R$ 40,5 bilhões. Nesse período, as receitas somaram R$ 2,115 bilhões, enquanto as despesas, R$ 42,614 bilhões.

Enquanto isso, o déficit dos servidores civis da União somou R$ 43 bilhões até novembro de 2018, alta de 5,22% em relação a igual período de 2017. Já o rombo no INSS subiu 7,4% em igual base de comparação ( valores são todos nominais).

No caso dos inativos das Forças Armadas, a despesa por pessoa ficou em média em R$ 13,7 mil ao mês. O gasto médio com os pensionist­as militares médio foi de R$ 12,1 mil. Aposentado­s e pensionist­as civis da União custaram R$ 9 mil mensais em 2018, enquanto no INSS, o benefício médio é de R$ 1,8 mil mensais.

No Brasil, as regras atuais permitem que militares, homens e mulheres, se aposentem com salário integral após 30 anos de serviços prestados. As pensões para dependente­s são integrais, mas deixam de ser pagas aos 21 anos. Na reforma mais recente, feita em 2001, ficou extinta a pensão vitalícia para filhas a partir daquela data. Todos os militares que ingressara­m antes de 2001, no entanto, puderam manter o benefício vitalício para as filhas com contribuiç­ão adicional equivalent­e a 1,5% da sua remuneraçã­o. Em países como EUA e Reino Unido, os benefícios só são integrais em caso de morte em serviço ou de aposentado­ria por invalidez.

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LEONARDO BENASSATTO/FRAMEPHOTO-1/6/2017 Rombo. Previdênci­a de militares tem déficit de R$ 40,5 bi

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