O Estado de S. Paulo

Na Alesp, suspeita de desvio de salários atinge 5 deputados

Em 7 anos, Ministério Público abriu 12 inquéritos que envolvem nepotismo e peculato; metade dos casos foi arquivada

- / LUIZ VASSALLO, TULIO KRUSE, C.B. e P.B.

Na Assembleia Legislativ­a do Estado de São Paulo (Alesp), pelo menos cinco deputados são investigad­os pelo Ministério Público paulista sob suspeita de apropriaçã­o de salários. Os inquéritos envolvem Campos Machado (PTB), Aldo Demarchi (DEM), Clélia Gomes (Avante), Feliciano Filho (PRP) e Luiz Fernando Teixeira Ferreira (PT). Com exceção de Machado, que responde na esfera cível, todos estão implicados em investigaç­ões criminais. O parlamenta­r afirmou que se trata de “campanha orquestrad­a” que pode ser desmentida por seus funcionári­os.

Nos últimos sete anos, o MP investigou pelo menos 12 casos de desvios de salários e funcionári­os fantasmas na Casa. Metade foi arquivada sob a alegação de falta de provas, e nenhuma ação foi oferecida até hoje.

Um caso recente envolve o deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira, sob suspeita de recolhimen­to de salários e nepotismo cruzado. Uma representa­ção recebida pela Promotoria afirma que o deputado empregou, em seu gabinete, a irmã do vereador José Luiz Ferrarezi (PT), de São Bernardo do Campo. Ferrarezi, por sua vez, indicou a nora do deputado a cargo na Câmara Municipal da cidade. Promotores confirmara­m que elas ocuparam os cargos.

Na semana passada, Ferreira foi notificado pelo Tribunal de Justiça para prestar informaçõe­s sobre o caso. Ele não é obrigado a comparecer. Questionad­o pelo Estado, classifico­u as denúncias como “anônimas, infundadas e caluniosas”. Por meio de nota, afirmou que tem conduta ilibada e está disponível para prestar os esclarecim­entos necessário­s.

Outro caso, aberto em 2015, envolve o deputado Feliciano Filho.

Uma funcionári­a do gabinete, ouvida pela Promotoria, relatou que foi obrigada a assinar uma declaração de doação à campanha de Feliciano, mas nunca doou o valor declarado.

Duas pessoas afirmaram ter feito doações às campanhas de Feliciano nas eleições de 2010 e 2014 de forma voluntária. A Justiça registrou que outros sete assessores registrara­m doações eleitorais, mas disseram ao Ministério Público do Estado que não foram coagidos.

Nos autos, o deputado Feliciano Filho nega qualquer irregulari­dade.

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MARCO CARDELINO/ALESP-11/9/2017 Suspeita. Luiz Fernando Ferreira é investigad­o

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