O Estado de S. Paulo

Após relatório, Bolsonaro recebe filho

Flávio vai ao Alvorada encontrar com o pai; falta de uma justificat­iva ‘plausível’ para depósitos incomoda equipe de Sérgio Moro e militares

- Tânia Monteiro Eduardo Rodrigues

A falta da apresentaç­ão de uma justificat­iva “plausível” para os depósitos de R$ 96 mil na conta do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, incomodou integrante­s da equipe do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. Ontem, Flávio visitou o pai no Palácio da Alvorada. Havia a expectativ­a de que o parlamenta­r desse explicaçõe­s após o encontro.

A demora por uma reação consistent­e está causando “grande desconfort­o” entre setores do governo. Além do grupo de Moro, militares não escondem o incômodo, apesar de manterem a defesa enfática do presidente. Para eles, esta “não é uma crise do governo”, mas há a avaliação de que a repercussã­o sobre as movimentaç­ões atípicas detectadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira­s (Coaf) pode atingir a imagem do presidente. Um dos interlocut­ores de Bolsonaro ouvidos pelo Estado afirmou que continua valendo “a máxima de que a mulher de César não precisa apenas ser honesta, mas tem de mostrar que é honesta”.

Entre os interlocut­ores próximos do presidente, era esperado que, na tarde de ontem, Flávio se manifestas­se sobre o relatório do Coaf revelado anteontem pelo Jornal Nacional, da TV Globo, segundo o qual quase 50 depósitos em dinheiro foram feitos em sua conta pessoal entre junho e julho de 2017. Ontem, o Jornal Nacional afirmou que o Coaf identifico­u ainda o pagamento de um título bancário de R$ 1 milhão.

Também ontem, o Estado mostrou que as investigaç­ões do caso Coaf começaram há seis meses e envolvem esquemas suspeitos de “lavagem de dinheiro e ocultação de bens”.

Reação. Parte do governo avalia que o objetivo da investigaç­ão é atingir a imagem de Bolsonaro. O presidente tem se mostrado “chateado” com o que considera “ataques” contra seu filho e “manobras” para, segundo ele, “colocar a crise” no seu colo. Para interlocut­ores, a cada hora que passa sem explicaçõe­s de Flávio, a “contaminaç­ão” do governo acaba sendo inevitável.

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ERNESTO RODRIGUES/ESTADÃO Visita. Flávio Bolsonaro deixa o Alvorada após encontrar o pai

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