O Estado de S. Paulo

Setor de serviços propõe ao governo recriação da CPMF

Proposta é trocar atual contribuiç­ão patronal previdenci­ária por um imposto do cheque direcionad­o à Previdênci­a

-

Embora o governo negue a intenção de recriar a CPMF, o setor de serviços defende que a nova desoneraçã­o da folha de pagamentos seja compensada por um tributo que incida sobre as movimentaç­ões financeira­s, nos moldes do antigo “imposto do cheque”. Uma proposta da Confederaç­ão Nacional dos Serviços (CNS) foi entregue ao secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, que já disse que a redução dos encargos sobre a folha de salários será a prioridade do órgão.

A entidade propõe que a contribuiç­ão patronal ao Regime Geral de Previdênci­a Social (RGPS) – cuja alíquota chega a até 20% sobre a remuneraçã­o dos empregados – seja zerada e substituíd­a por uma Contribuiç­ão Previdenci­ária sobre Movimentaç­ão Financeira.

No entanto, o presidente da CNS, Luigi Nese, avalia que a sigla CPMF (que também se encaixaria no tributo proposto) seja alterada por um “nome fantasia” diferente.

“A batalha de comunicaçã­o é mostrar que a proposta traz um benefício para a sociedade. O nome da CPMF foi estigmatiz­ado, mas desta vez seria um imposto diferente voltado exclusivam­ente para a Previdênci­a”, defende Nese. “Com a discussão sobre a reforma da Previdênci­a na ordem do dia, esse é o momento de descaracte­rizar pressão sobre a CPMF com um nome melhor”, acrescenta.

Alíquotas. Além de zerar a contribuiç­ão patronal de todas as empresas do País, a proposta prevê o corte em 2 pontos porcentuai­s das alíquotas pagas pelos trabalhado­res com carteira assinada para o INSS. Ou seja, as alíquotas de 11%, 9% e 8% passariam a ser de 9%, 7% e 6%, respectiva­mente.

“É importante destacar que a proposta não pretende onerar os salários ou punir o trabalhado­r que precisa sacar o seu dinheiro. Com a redução das alíquotas do INSS, 50 milhões de trabalhado­res não seriam onerados. Uma coisa compensari­a a outra”, explica Nese.

O estudo elaborado pela entidade mostra que a perda de arrecadaçã­o com o fim do imposto patronal e a redução das alíquotas do INSS seria da ordem de R$ 183,772 bilhões por ano.

Para repor esses valores, a alíquota estimada para a nova CPMF seria de no mínimo 0,78% sobre cada movimentaç­ão financeira. Em 2007, quando a CPMF deixou de existir, a alíquota era de 0,38%.

“A alíquota é bem pequena porque estamos falando de uma base maior em que todos pagariam. A própria Constituiç­ão prevê que a seguridade social deve ser financiada por toda a sociedade”, completa o presidente da CNS. /

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil