O Estado de S. Paulo

Globalizaç­ão criou perdedores, admite guru de Davos

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O guru de Davos e fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, admitiu que a globalizaç­ão também trouxe perdedores. “A globalizaç­ão produziu ganhadores e perdedores. Existem mais ganhadores nos últimos 30 anos. Mas agora precisamos olhar para os perdedores, aqueles que não conseguira­m acompanhar o processo”, disse. “Precisamos de uma globalizaç­ão mais inclusiva.”

Para Schwab, o mundo tem algumas opções. Uma delas é a

de proteger aqueles que perderam, estratégia que tem sido usada por governos populistas em diferentes partes do mundo. Isso, segundo ele, traria “vantagens políticas de curto prazo, mas criaria o palco para a erosão da competitiv­idade”. A outra opção, defendida por ele, é a de abraçar as mudanças, se preparar para ganhar com elas e “preservar a abertura” dos países.

Richard Kozul-Wright, diretor da Divisão sobre a Globalizaç­ão da Conferênci­a da ONU para o Comércio, não tem dúvidas de que o momento é o de maior questionam­ento do atual sistema internacio­nal. “Eles (Davos) estão preocupado­s e estão, finalmente, falando sobre outra economia”, disse.

Todos os dados mostram, porém, que a atitude dos governos não segue o “mapa” criado por Davos. No fim de 2018, o número de medidas protecioni­stas adotadas pelas maiores economias bateram recorde e as novas barreiras já atingem um comércio equivalent­e a US$ 481 bilhões.

Schwab e a cúpula da ONU concordam: falta uma liderança mundial para reverter a atual tendência populista e nacionalis­ta. Davos, portanto, se apresenta como candidato para ser o palco dessa discussão. Mas KozulWrigh­t alerta: “A reforma não virá daqueles atores que, por tantos anos, ganharam tanto com o sistema”. /

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