O Estado de S. Paulo

Repúdio a atentado leva milhares às ruas da Colômbia

Colombiano­s homenageia­m os 20 policiais mortos em ataque com carro-bomba contra academia de Bogotá, na semana passada

- BOGOTÁ

Milhares de pessoas marcharam ontem nas ruas da Colômbia em repúdio ao atentado que matou 20 jovens e deixou 68 feridos em uma academia policial de Bogotá. O terrorista, que também morreu na ação, era membro do Exército de Libertação Nacional (ELN), última guerrilha ativa do país.

O protesto ocorreu em várias cidades do país e reuniu manifestan­tes vestidos de branco, com bandeiras da Colômbia. Em Bogotá, que registrou a maior mobilizaçã­o, também foi realizada uma cerimônia religiosa em memória das vítimas – que tinham entre 17 e 22 anos.

“Acho que um grupo que se dedica ao narcotráfi­co, sequestro e explode oleodutos não dá sinais de que quer a paz e, menos ainda, com ações como esta, de matar 20 jovens”, disse Amanda Ramírez, de 49 anos, funcionári­a de um centro de estética da capital colombiana.

O governo e alguns líderes da oposição se uniram ao protesto e caminharam pelas ruas de Bogotá. “Temos o coração apertado, mas também temos o desejo de honrar estes heróis, e honrar sua memória significa rechaçar a violência, o terrorismo e nos unirmos como país”, declarou o presidente, Iván Duque. “Viemos prestar homenagem às famílias de uma Colômbia que não quer mais violência.”

Após o ataque, Duque decidiu suspender o diálogo com o ELN que seu antecessor, Juan Manuel Santos, tinha iniciado em 2017. Em um país ainda divido pelo pacto de paz de 2016, que desarmou as Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia (Farc) e legalizou sua luta política, Duque enfrenta críticas e chamados a rever sua posição.

Última guerrilha da Colômbia, o ELN ainda não se pronunciou sobre as acusações do governo e da promotoria, que lhe atribuem a responsabi­lidade sobre o atentado contra a principal escola de formação de policiais do país.

Extradiçõe­s. Mesmo assim, Duque decidiu reativar os mandados de prisão contra os negociador­es do grupo rebelde em Havana e anunciou que intensific­ará a perseguiçã­o contra o que descreveu como uma “máquina criminosa de sequestros e ataques”. Ao mesmo tempo, ele exigiu que o governo cubano prendesse e entregasse à Colômbia os “criminosos”, o que criou uma atrito diplomátic­o com Havana. Anfitrião e garantidor das frustradas negociaçõe­s de paz, o governo cubano afirmou, na sexta-feira, que cumprirá os compromiss­os assumidos com o ELN, mesmo diante do colapso das negociaçõe­s para encerrar a luta armada na Colômbia, que já dura mais de meio século.

Segundo Duque, Cuba não deve oferecer garantia alguma aos rebeldes, já que seu governo não se sentou à mesa de negociaçõe­s – o ex-presidente Santos seria o fiador. Para retomar as negociaçõe­s com o ELN, Duque exige que a guerrilha liberte todos os reféns sob seu poder e interrompa os ataques terrorista­s.

Entre os líderes políticos que participar­am das marchas de ontem, a atenção da imprensa colombiana se voltou para o ex-presidente Santos, que se retirou das atividades políticas após deixar o cargo, em agosto.

“Viemos prestar homenagem às famílias de uma Colômbia que não quer mais violência” Iván Duque

PRESIDENTE DA

COLÔMBIA

 ?? LEONARDO MUÑOZ/EFE ?? Manifestaç­ão. Milhares de colombiano­s tomam as ruas de Bogotá em repúdio à violência
LEONARDO MUÑOZ/EFE Manifestaç­ão. Milhares de colombiano­s tomam as ruas de Bogotá em repúdio à violência
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FERNANDO VERGARA/AP

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