O Estado de S. Paulo

Sob pressão, GM reúne prefeitos e sindicalis­tas

Empresa diz que vive momento crítico e sugere que pode até sair do País; encontro é para discutir um plano de viabilidad­e para as fábricas

- Cleide Silva

O presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, se reúne amanhã com dirigentes dos sindicatos dos metalúrgic­os de São Caetano do Sul e de São José dos Campos (SP) para discutir um plano de viabilidad­e para as fábricas locais.

O encontro ocorrerá em São José dos Campos, às 11h e também terá as presenças dos prefeitos das duas cidades, José Auricchio Jr. e Felício Ramuth, ambos do PSDB.

Na sexta-feira, Zarlenga distribuiu aos funcionári­os comunicado alertando para “o momento muito crítico” que vive a empresa. Ele informou que a GM teve prejuízo significat­ivo no Brasil nos últimos três anos, resultado que “não pode se repetir”. Segundo fontes do setor automotivo, só em 2018 as perdas no País estariam na casa de R$ 1 bilhão. A pressão por reversão do quadro teria vindo da própria matriz.

O comunicado reproduziu matéria publicada pelo jornal Detroit News, sobre recente declaração da presidente mundial da GM, Mary Barra, em que ela deu sinais de que a empresa considera sair da América do Sul. “Não vamos continuar investindo para perder dinheiro”, disse.

No comunicado, Zarlenga afirmou que, “2019 será um ano decisivo para nossa história” e que a execução do plano de viabilidad­e requer apoio do governo, concession­ários, empregados, sindicatos e fornecedor­es. “Do sucesso desse plano dependem os investimen­tos da GM e o nosso futuro.”

Ele citou que os concession­ários já deram importante­s contribuiç­ões. Fontes ligadas à rede de varejo disseram que os revendedor­es aceitaram abrir mão de 1% do valor da margem de venda dos carros novos.

Caos. “Queremos transparên­cia por parte da empresa na explicação deste plano”, disse Renato Almeida, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgic­os de São José dos Campos. “Se a empresa de fato pensa em fechar fábricas, será um caos, pois o grupo emprega cerca de 20 mil pessoas no País”. Além de São Caetano e São José, a GM tem fábricas em Gravataí (RS), Joinville (SC) e Mogi das Cruzes – que terão reuniões com a empresa em outros dias.

Em nota, o Sindicato de São José dos Campos convocou “todas as organizaçõ­es sindicais e trabalhado­res a se mobilizare­m contra o fechamento das fábricas e em defesa do emprego”.

Em 2017, a GM vendeu suas operações da Europa. Em novembro passado anunciou o fechamento de quatro fábricas nos EUA e uma no Canadá, que empregam quase 15 mil pessoas. A empresa também disse que fecharia outras duas unidades em outras regiões, sem citar quais.

Na ocasião, Zarlenga deu a entender que o Brasil não estava incluído no projeto, pois a maioria das fábricas locais acabou de receber investimen­tos para produzir novos veículos. O grupo é líder de vendas no País há três anos e anunciou 30 lançamento­s até 2030, sendo 11 neste ano.

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