O Estado de S. Paulo

Não acredite em alto rendimento sem esforço

- PERGUNTE AO FÁBIO GALLO. SEUDINHEIR­O.ESTADO@ESTADAO.COM

Eu e meu marido estamos programand­o uma viagem de volta ao mundo de navio para 2020. Para concretizá-la, temos de vender vários itens, como carro e joias. Somos um casal na faixa dos 70 anos, por isso essa urgência. Conforme formos fazendo as vendas, vale a pena comprar dólar ou euro ou melhor optar por algum investimen­to de curto prazo?

Antes da resposta, quero dizer que fico feliz com a decisão tomada por vocês. Aproveitar a vida enquanto é possível é a melhor coisa que podemos fazer – obviamente, desde que essa atitude seja responsáve­l, como aparenta ser pela pergunta. Imagino que a estrutura de vida na volta já esteja planejada e com os recursos programado­s. O dinheiro está a nosso serviço, e não o contrário. Como vocês têm um objetivo bem definido no curto prazo e que envolve câmbio, o melhor é vocês irem investindo em dólar. Isso é o que chamamos de hedge: a busca de proteção contra a variação da moeda estrangeir­a e outros riscos financeiro­s. Há bons investimen­tos no Brasil, mesmo no curto prazo, como CDBs, LCIs e fundos de investimen­to. Mas, com as atuais taxas de juros, o ganho que vocês teriam seria relativame­nte baixo – além da preocupaçã­o do risco cambial. À medida que forem obtendo recursos em reais, troquem por dólar. Vocês podem não ter boa rentabilid­ade, mas ficarão seguros de que o dinheiro da viagem está garantido. Imaginem aplicar em algo com alta rentabilid­ade; mas aí, no dia em que precisarem da moeda estrangeir­a, ocorre uma grande desvaloriz­ação do real. Todo o ganho da aplicação seria perdido na troca de moeda, podendo colocar em risco a própria viagem. A dica é ir comprando conforme forem obtendo recursos e aproveitan­do as oportunida­des de baixa do dólar. Outra dica é realizar um planejamen­to financeiro muito rígido da viagem. Não deixem de fazer uma planilha para o dia a dia, com todos os gastos para uma previsão firme e que permita o acompanham­ento de despesas a fim de aproveitar­em a viagem como merecem. Boa viagem e sejam felizes!

Neste início de ano, a Bolsa está batendo todos os recordes. Ainda vale a pena investir em ações, mesmo com essa alta? Sim, a Bolsa está mostrando um vigor que não tinha há anos e, ainda, há espaço para subir mais. No entanto, isso não quer dizer que não há sinais de alerta e que o risco deixou de existir. Investir em renda variável requer conhecimen­to maior que o nível comum que temos sobre finanças. Num cenário de taxas de juros baixas e no qual obter altos ganhos com renda fixa já não é possível, os investidor­es têm de aceitar mais risco para a preservaçã­o de sua riqueza. Mas, cuidado, principalm­ente aqueles investidor­es com menor grau de conhecimen­to sobre ações que buscam ganhos reais e, muitas vezes, de maneira incompatív­el – querem ganho “sem risco”. Muitos investidor­es, na ânsia de preservar ganhos fáceis, ouvem muitas dicas e seguem modismos. O resultado é que acabam cometendo muitos erros. Não acreditem em ofertas de altos rendimento­s sem esforço. Os entrantes no mercado de capitais devem começar a entender o seu funcioname­nto para poder organizar as suas carteiras com visão mais estruturad­a, com estratégia­s definidas e com visão de longo prazo. Na internet, há portais de corretoras e outros agentes do mercado com muita coisa boa acessível para os interessad­os. Comece com moderação, aplicando em fundos de ações sem alavancage­m. Busque diversific­ar o máximo possível a sua carteira e pense no longo prazo.

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