Para entender o chavismo
Entre 1992 e 2000 a multinacional de mineração Anglo American (a mesma que está no Brasil) investiu mais de US$ 600 milhões na Venezuela, em pesquisas geológicas, na abertura de uma mina e na construção de uma usina de grande porte para produzir liga de níquel e ferro, a Loma de Níquel. A liga tem ótimo mercado por o níquel ser essencial à produção de aço inoxidável. Em 2000 o presidente Hugo Chávez esteve, sorridente, na inauguração. Por vários anos tudo correu bem, com a empresa produzindo e exportando ferroníquel, pagando impostos e dando trabalho a muitos. Em 2009, inesperadamente, o governo Chávez criou dificuldades para a renovação de algumas licenças de operação e em 2012 nacionalizou a mina e a usina, pondo-as sob a direção da PDVSA e de sindicatos dos empregados locais, que decerto imaginavam poder continuar com a operação. A Anglo American apelou a Cortes internacionais para ser ressarcida, mas a Venezuela não tem dinheiro. Enfim, de forma mais que esperada, com a nacionalização o ritmo da produção diminuiu muito e em 2014 parou de vez – a mina está paralisada até agora. Enquanto os equipamentos sofrem ao tempo, a PDVSA vendeu estoques de restos da produção antiga e agora está vendendo partes da usina, com a justificativa de necessitar quitar débitos trabalhistas, visto que mantém muitos empregados. Presumo que o governo Maduro agora espere que capitais chineses ou russos se interessem em reativar a planta e a mina. E nós, no Brasil, caminhávamos para seguir por esse mesmo caminho... WILSON SCARPELLI wiscar@terra.com.br
Cotia