O Estado de S. Paulo

Bolsonaro anuncia general para o Incra

Indicação de João Carlos Corrêa foi feita pelo presidente no Twitter; ‘Acabou a farra dos sem-terra’, diz secretário de Assuntos Fundiários

- Lorenna Rodrigues Tânia Monteiro

O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem, pelo Twitter, que o general de Exército João Carlos Jesus Corrêa é o novo presidente do Instituto Nacional de Colonizaçã­o e Reforma Agrária (Incra). A nomeação será confirmada no Diário Oficial da União.

Após o anúncio, o secretário especial de Assuntos Fundiários – pasta à qual o Incra está vinculado – Luiz Antônio Nabhan Garcia, disse que “a farra dos sem-terra” acabou. “Existe uma obrigatori­edade de mudar o Incra e tirar o seu viés ideológico e político, que tornou a instituiçã­o inviável”, disse Nabhan ao Estado. “A farra dos sem-terra lá no Incra, pode ter certeza que acabou. Não haverá mais qualquer interferên­cia do Movimento dos Trabalhado­res Sem Terra (MST) na instituiçã­o.”

No governo Bolsonaro, o Incra passou a ser subordinad­o ao Ministério da Agricultur­a, comandado pela deputada ruralista Tereza Cristina (DEM-MS). Até então, o instituto estava dentro da estrutura da Casa Civil.

O anúncio do novo presidente do Incra foi feito depois de o Estadão/Broadcast informar que o governo havia suspendido as indicações e dispensas de cargos comissiona­dos para conter uma “rebelião” de aliados, que começou no Incra.

A medida para barrar as indicações do segundo escalão foi motivada por queixas que chegaram ao Palácio do Planalto, de que vários Estados, como Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Ceará e Pará, ou trocaram superinten­dentes do Incra ou fizeram ameaças de exoneração, sem qualquer motivo concreto.

Alguns dos demitidos eram ligados a deputados de partidos como o DEM, que tem três ministros no governo, entre os quais Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil. O DEM também está no comando da Câmara, com Rodrigo Maia (RJ), e do Senado, com Davi Alcolumbre (AP).

Embora o principal problema tenha sido identifica­do no Incra, houve descontent­amento com substituiç­ões sem critérios em várias áreas, do Norte ao Sul do País, passando até mesmo por cima da análise técnica do Gabinete de Segurança Institucio­nal (GSI).

Perfil. Jesus Corrêa, de 64 anos, é o oitavo general nomeado para postos estratégic­os no governo. É natural do Rio de Janeiro e foi contemporâ­neo de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras.

Foi comandante da 11.ª Região Militar, diretor de Controle de Efetivos e Movimentaç­ões do Exército e chefe do Estado Maior do Comando Militar da Amazônia (CMA). Em 2014, Jesus Corrêa também assumiu interiname­nte o Comando Militar do Nordeste (CMNE), por um curto período. Desde o ano passado, mesmo na reserva, o general ocupava o posto de analista de estudos estratégic­os na 3.ª Subchefia do Estado-Maior do Exército.

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ELZA FIUZA/AGENCIA BRASIL General. João Carlos Corrêa, novo presidente do Incra

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