Ai, ai, ai... clonaram o cartão de crédito
Seu cartão de crédito pode não ter sido clonado, mas você certamente conhece várias pessoas que passaram por isso. O levantamento mais recente sobre a incidência dessas fraudes em todo o mundo é o Global Consumer Card Fraud, realizado pelo norte-americano Aite Group, que analisou informações de 2016. O Brasil ficou no segundo lugar entre os países com maior número dessas fraudes, atrás apenas do México (veja o gráfico).
Essa posição mais do que desconfortável tem a ver com o rápido crescimento das compras pela internet, observa Daniel Marchetti, coordenador de segurança e prevenção a fraudes da Abecs, associação que representa as empresas de cartões. “A adoção dos modelos de cartão com chip diminuiu o risco de fraudes nas compras presenciais. Nestes casos, as transações são aprovadas 94% das vezes. Nas compras pela internet, esse índice se reduz para 66%, porque as fraudes migraram para o ambiente virtual.”
O Mapa da Fraude, levantamento realizado em 2018 pela empresa ClearSale, dedicada a desenvolver soluções antifraude para o varejo online, mostrou que, em 2017, pouco mais de 3,4% do valor das compras feitas no comércio eletrônico de pequenas e médias empresas de varejo no Brasil sofreu fraudes ou tentativas de fraude. Mas a frequência dessas operações está crescendo. Em 2017, a ação dos golpistas aumentou 14% em relação a 2016.
Para Omar Jarouche, gerente de Inteligência Estatística da ClearSale, esse crescimento pode ser explicado pelo maior número de vazamentos de dados pela atuação de hackers. Embora haja tentativas de golpes também com boletos bancários falsos ou com sites inseguros, a maioria dos ataques é feita por meio de cartões de crédito clonados. Estatísticas da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), também de 2017, mostram que mais de 6 milhões de transações foram finalizadas por estelionatários que utilizaram cartões clonados.
Fraudes assim são fontes de dores de cabeça para o titular: a clonagem tem de ser identificada, o cartão cancelado, os pagamentos estornados e lá se vão alguns dias sem cartão, à espera que finalmente chegue o novo, pelos correios ou pela agência bancária.
Mas bancos e instituições financeiras têm conseguido avançar nas soluções. Por meio de recursos de inteligência artificial que rastreiam padrões de consumo do titular do cartão é possível, por exemplo, identificar compras atípicas e imediatamente acionar o cliente para que confirme ou não a transação.
A Abecs não tem informações sobre o volume de investimentos das empresas de cartões na obtenção de sistemas antifraude. Mas dados da Febraban mostram que as instituições financeiras investem todos os anos cerca de R$ 2 bilhões em ferramentas de segurança de informação.
Marchetti explica que, além de identificar padrões de consumo, as maiores apostas em segurança caminham para criação de recursos de reconhecimento biométrico e tokenização dos cartões. O reconhecimento biométrico é realizado por impressão digital, pela palma da mão ou por imagem da íris. A tokenização é o processo pelo qual os dados do cartão são protegidos dos hackers por digitação de símbolos ou sequência numeral transmitidas por celular, que só valem para uma operação.
Por isso, ainda que as fraudes estejam aumentando, Jarouche, da ClearSale, garante que utilizar o cartão de crédito nas compras online ainda é a opção mais segura para o consumidor. “As fraudes vêm sendo mais facilmente identificadas e, com isso, aumenta a probabilidade de ressarcimento. Quando, por exemplo, a fraude é cometida por meio de boleto falso, a reversão do prejuízo é mais difícil de acontecer.
Mas o consumidor não é o único prejudicado. Quando é vítima na operação, além de arcar com prejuízo pela entrega de um produto pelo qual não vai receber, o varejista ainda enfrenta a desconfiança dos consumidores./