O Estado de S. Paulo

O clássico disco ‘Elis & Tom’ inspira novo musical

Espetáculo, que deve estrear no Rio em junho, vai contar bastidores da gravação, ocorrida em Los Angeles, em 1974

- Ubiratan Brasil

Elis Regina volta a ser tema de um musical. Depois de Elis – A Musical (2013), que consagrou Laila Garin no papel principal, agora será a vez de Elis & Tom – O Musical, que estreia em junho, no Rio de Janeiro. Com produção da Aventura Entretenim­ento, que também criou o outro espetáculo, Elis agora será vivida por Lilian Menezes, que conhece muito bem o personagem: ela era a substituta direta de Laila e, quando esta adoeceu e ficou muitos dias fora de cena, Lilian assumiu com galhardia, arrancando aplausos e admiração pela sua interpreta­ção.

Tom Jobim será interpreta­do por um veterano de musicais, Claudio Lins, que, curiosamen­te, no outro, interpreto­u César Camargo Mariano. Outros dois atores vão se desdobrar nos demais papéis, o que confere a Elis & Tom o contorno de um musical mais intimista e permite ao público acompanhar a trama de perto.

A história vai recontar a preparação e a gravação de Elis & Tom, disco icônico lançado em 17 de junho de 1974, portanto, há 45 anos, e cujas 14 faixas formam uma coleção de clássicos imbatíveis – basta lembrar de Só Tinha de Ser com Você, Modinha, Retrato em Branco e Preto e, claro, Águas de Março, entre outras.

A ideia do disco surgiu do desejo da Polygram, então gravadora de Elis, de presenteá-la por completar 10 anos (em 1974) como uma de suas estrelas – era uma prática da gravadora com seus contratado­s. A ideia de levá-la para Los Angeles, onde as faixas foram gravadas, também era uma forma de aliviar a barra para Elis que, por ter participad­o de uma cerimônia da Olimpíada do Exército em 1973, auge da ditadura militar, angariou críticas de parte da classe artística.

As gravações acontecera­m entre 22 de fevereiro e 9 de março de 1974, no MGM Studios. Um período efervescen­te do ponto de vista criativo, mas também de embates de opiniões entre Elis, que queria instrument­os eletrônico­s, e Tom, que rejeitava a ideia. No meio do caminho, César Camargo tentava conciliar.

O clima de tensão logo se dissolveu assim que Mariano fez o arranjo para Corcovado, a primeira canção a ficar pronta. Como 14 canções é um número pequeno para um musical, Elis & Tom será recheado com músicas do repertório dos dois grandes artistas.

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