Limites e confluências
Na última edição da DW!, a Semana de Design de São Paulo, encerrada no último domingo, o designer alagoano Rodrigo Ambrosio enfrentou uma rotina intensa. Lançou móveis, coordenou a reedição de peças assinadas pela arquiteta pernambucana Janete Costa, assinou uma instalação no prédio da Bienal e, por fim, coordenou a exposição de uma coleção de tronos e cadeiras, feitos por 12 artistas e artesãos alagoanos. “O design mexe com minhas origens, arrepia a pele, emociona”, resume ele nesta entrevista ao Casa.
• Na última edição da DW! SP você atuou tanto como criador, quanto curador. Como você se situa entre as duas atividades?
De fato essa 8ª Semana de Design foi bem fértil, e confesso que me senti bem à vontade atuando nas duas frentes. Lancei cadeiras na Allez, dirigi a reedição de peças da arquiteta Janete Costa para a Vermeil, apresentei a mostra Amostrada no D&D Shopping e, por fim, desenvolvi a instalação Vento Nordeste para o acesso ao lounge da Bienal, a partir de rendas, bordados e cestarias. Ou seja, tratei de design e artesanato, de seus limites e confluências. Temas que me atraem e me estimulam.
• Considera viável que um dia venhamos a assistir artesãos e operários atuando, lado a lado, no chão de fábrica, com a mesma frequência que na Itália?
O saber ancestral, as técnicas manuais e os valores culturais são patrimônios intrínsecos dos seres humanos, e me agrada constatar que o mercado está cada vez mais atento a isso. Sim, acredito que este modelo é viável também para nós e muito interessante para todas as partes envolvidas. Recentemente, na Bahia, tive o prazer de conferir de perto esse movimento, dentro da fábrica da Tidelli, durante a criação de uma das minhas peças, o bowl Imperial, peça que desenvolvi para a marca, a partir de corda náutica, trançada à mão.
• Como vê os projetos de imersão entre designers e comunidades de artesãos visando a edição conjunta de produtos?
Se efetivamente ocorrer um diálogo, considero válido. O designer tem clareza de mercado, dos novos usos e das necessidades contemporâneas. Já o artesão carrega consigo os saberes ancestrais e a delicadeza insubstituível do feito à mão. Ou seja, trata-se de uma união que, desde que assentada em bases claras e sólidas, tem tudo para dar certo.