O Estado de S. Paulo

Limites e confluênci­as

- Marcelo Lima / REPORTAGEM

Na última edição da DW!, a Semana de Design de São Paulo, encerrada no último domingo, o designer alagoano Rodrigo Ambrosio enfrentou uma rotina intensa. Lançou móveis, coordenou a reedição de peças assinadas pela arquiteta pernambuca­na Janete Costa, assinou uma instalação no prédio da Bienal e, por fim, coordenou a exposição de uma coleção de tronos e cadeiras, feitos por 12 artistas e artesãos alagoanos. “O design mexe com minhas origens, arrepia a pele, emociona”, resume ele nesta entrevista ao Casa.

• Na última edição da DW! SP você atuou tanto como criador, quanto curador. Como você se situa entre as duas atividades?

De fato essa 8ª Semana de Design foi bem fértil, e confesso que me senti bem à vontade atuando nas duas frentes. Lancei cadeiras na Allez, dirigi a reedição de peças da arquiteta Janete Costa para a Vermeil, apresentei a mostra Amostrada no D&D Shopping e, por fim, desenvolvi a instalação Vento Nordeste para o acesso ao lounge da Bienal, a partir de rendas, bordados e cestarias. Ou seja, tratei de design e artesanato, de seus limites e confluênci­as. Temas que me atraem e me estimulam.

• Considera viável que um dia venhamos a assistir artesãos e operários atuando, lado a lado, no chão de fábrica, com a mesma frequência que na Itália?

O saber ancestral, as técnicas manuais e os valores culturais são patrimônio­s intrínseco­s dos seres humanos, e me agrada constatar que o mercado está cada vez mais atento a isso. Sim, acredito que este modelo é viável também para nós e muito interessan­te para todas as partes envolvidas. Recentemen­te, na Bahia, tive o prazer de conferir de perto esse movimento, dentro da fábrica da Tidelli, durante a criação de uma das minhas peças, o bowl Imperial, peça que desenvolvi para a marca, a partir de corda náutica, trançada à mão.

• Como vê os projetos de imersão entre designers e comunidade­s de artesãos visando a edição conjunta de produtos?

Se efetivamen­te ocorrer um diálogo, considero válido. O designer tem clareza de mercado, dos novos usos e das necessidad­es contemporâ­neas. Já o artesão carrega consigo os saberes ancestrais e a delicadeza insubstitu­ível do feito à mão. Ou seja, trata-se de uma união que, desde que assentada em bases claras e sólidas, tem tudo para dar certo.

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FOTOS: FELIPE BRASIL
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A cadeira Turner, com assento e encosto de palhinha, para a Allez e, à dir., o designer alagoano Rodrigo Ambrosio
l A cadeira Turner, com assento e encosto de palhinha, para a Allez e, à dir., o designer alagoano Rodrigo Ambrosio
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As cadeiras e a mesa lateral Jaraguá, também desenhadas para a Allez
j As cadeiras e a mesa lateral Jaraguá, também desenhadas para a Allez

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