O Estado de S. Paulo

Negociaçõe­s travam e Espanha fica mais perto de nova eleição

Pedro Sánchez, premiê socialista, ainda tem divergênci­as políticas com Podemos, partido de extrema esquerda

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O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse ontem que dificilmen­te fará uma coalizão com o Podemos, partido de extrema esquerda. “É inviável”, disse Sánchez, falando de falta de confiança entre seu Partido Socialista (PSOE) e o Podemos, depois de duas tentativas fracassada­s de formar um novo governo em julho.

Ontem, Sánchez deu uma última cartada e ofereceu ao Podemos 370 medidas para garantir um governo “à portuguesa” – em Portugal, os socialista­s conseguira­m um acordo improvável com três partidos de extrema esquerda em uma coalizão apelidada de “geringonça”.

O Podemos aceita participar do governo, desde que seja em uma coalizão – até o ano passado, o partido apoiava Sánchez, mas não fazia oficialmen­te parte do governo. “A política não pode ser com base na confiança, mas em garantias. Um governo de coalizão é a única garantia para implementa­r políticas que podem mudar a vida das pessoas”, disse Pablo Iglesias, líder do Podemos.

O PSOE, porém, rejeita a coalizão com a esquerda radical e as negociaçõe­s estagnaram, aproximand­o a Espanha de novas eleições. Uma das maiores divergênci­as é sobre a questão catalã – o Podemos defende a realização de um referendo vinculante, o que é rejeitado por Sánchez.

“Hoje, não há condições para sermos parceiros do governo, mas isso não quer dizer que temos de ser adversário­s. Temos de ser aliados leais”, disse o premiê. Por isso, para evitar um nova votação, Sánchez ofereceu uma alternativ­a, a negociação do que chama de “programa comum progressis­ta”.

Para o premiê socialista, as 370 medidas estão “em sintonia” com as políticas do Podemos, defendendo uma maior justiça social, fiscal e ambiental, dando prioridade à luta contra as mudanças climáticas – entre as propostas está o objetivo de atingir 85% da produção de energia na Espanha a partir de fontes de energia renováveis até 2040.

Iglesias reconheceu que as propostas de Sánchez “soam bem” e prometeu analisá-las nos próximos dias. “Não vamos descartá-las (as medidas) em duas horas, como o PSOE fez com nossas propostas.”

“Hoje, não há condições para sermos parceiros em um governo, mas isso não quer dizer que temos de ser adversário­s” Pedro Sánchez PREMIÊ DA ESPANHA

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PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP Coalizão. Sánchez: última cartada por aliança de governo

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