O Estado de S. Paulo

Como Johnson perdeu a maioria

- É JORNALISTA

Quando o Parlamento britânico se reuniu pela primeira vez, na terça-feira, após o recesso de verão, o primeiro-ministro, Boris Johnson, tinha maioria de um deputado. Quase oito horas depois, ela havia desapareci­do, tornando a perspectiv­a de uma eleição antecipada uma possibilid­ade real. Enquanto o premiê falava aos parlamenta­res, o deputado Phillip Lee cruzou o plenário, deixando a bancada do Partido Conservado­r e se juntando à dos liberal-democratas, encerrando um dia dramático para a política britânica.

Em seguida, o primeiro-ministro cumpriu a promessa de suspender importante­s membros do Partido Conservado­r que manifestar­am apoio aos esforços da oposição para retomar o controle da agenda do Parlamento e bloquear um Brexit sem acordo. Um total de 21 deputados conservado­res se rebelaram contra ele e foram sacrificad­os, expulsos da legenda e proibidos de se candidatar como conservado­res na próxima eleição.

Agora, se todos os membros independen­tes e de oposição entre os 650 integrante­s da Câmara dos Comuns se opuserem a Johnson em qualquer legislação do Brexit, ele será derrotado por 43 votos. Com sua maioria reduzida, o premiê agora enfrenta questões sobre sua habilidade para assegurar a saída do Reino Unido da União Europeia até o fim de outubro, algo que ele repetidame­nte prometeu fazer.

A situação do primeiro-ministro é difícil. Para que as eleições sejam antecipada­s, ele precisa do apoio do Partido Trabalhist­a e dos deputados conservado­res rebeldes, que teriam de aprovar a medida. Ainda que isso ocorra, o Partido Conservado­r teria de encontrar novos candidatos para preencher as vagas dos 21 deputados expulsos na terça-feira. Apesar de seus aliados estarem confiantes em derrotar o líder trabalhist­a, Jeremy Corbyn, em uma nova eleição, não há garantias de que Johnson saia das urnas com maioria. É arriscado e o resultado é incerto.

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