O Estado de S. Paulo

Multa da corrupção na Petrobrás vai combater queimada

PGR, Câmara e Planalto fecharam acordo para destinar recursos de multas; Raquel Dodge diz que verba ajudará a prevenir queimadas

- Rafael Moraes Moura Breno Pires /BRASÍLIA

Amazônia (R$ 1 bilhão) e educação (R$ 1,6 bilhão) vão dividir os recursos de multa imposta à Petrobrás para encerrar investigaç­ões sobre desvios.

A Procurador­ia-Geral da República, a Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto – por meio da Advocacia-Geral da União (AGU) – fecharam acordo para que R$ 1,06 bilhão do Fundo da Lava Jato seja direcionad­o às ações de prevenção, fiscalizaç­ão e combate ao desmatamen­to e outros ilícitos ambientais nos Estados da Amazônia Legal, incluindo a faixa de fronteira. Outro R$ 1,6 bilhão será destinado para a Educação. Um requerimen­to conjunto para destinação dos valores ainda deverá ser homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O Fundo da Lava Jato é resultado de acordo firmado entre o Ministério Público Federal no Paraná, a Petrobrás e os Estados Unidos, via Departamen­to de Justiça, para destinar parte da multa imposta à petrolífer­a em ações no Brasil.

André Mendonça, ministroch­efe da AGU, e Raquel Dodge, procurador­a-geral da República, se reuniram com Moraes para tratar sobre o tema ontem. “Acho que é o momento de o Brasil celebrar que aquele valor aplicado de multa pelos Estados Unidos, a partir desse consenso vai ser possível uma destinação pública, correta, justa e que atenda ao interesse público”, disse André Mendonça.

Amazônia. O acordo prevê que, da quantia global, R$ 630 milhões deverão ser destinados para ações diretas da União, como operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama, e ainda ao Ministério da Agricultur­a, Pecuária e Abastecime­nto para ações de apoio à regulariza­ção fundiária e de assistênci­a técnica e extensão.

Os R$ 430 milhões restantes deverão ser investidos de forma descentral­izada para articulaçã­o entre governo federal e Estados. Para Raquel, a defesa da Amazônia vai viabilizar recursos para a prevenção de queimadas. “São áreas muito importante­s que serão atendidas com esse dinheiro.” Nas últimas semanas, a Amazônia entrou no centro das preocupaçõ­es após avanço das queimadas. O número de focos de incêndio em agosto foi quase o triplo do registrado no mesmo mês de 2018. Ontem, a H&M, segunda maior varejista de moda, informou que parou de comprar couro do País temporaria­mente por causa das preocupaçõ­es ambientais.

Educação. O acordo sobre o dinheiro da Lava Jato ainda prevê R$ 1,6 bilhão para a Educação – R$ 1 bilhão será para ações de educação infantil e R$ 250 milhões para o Ministério da Cidadania com foco em iniciativa­s de desenvolvi­mento integral na primeira infância.

Outros R$ 250 milhões ficarão a cargo do Ministério da Ciência para ações de empreended­orismo e manutenção de bolsas de pesquisa. Por fim, R$ 100 milhões deverão ser colocados em ações socioeduca­tivas em cooperação com os Estados.

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