O Estado de S. Paulo

Gastronomi­a popular ao gosto da chef

Cozinheiro­s de restaurant­es populares do Estado aprenderam receitas novas com Morena Leite

- Gilberto Amendola

Para planejar pratos para a SP Gastronomi­a, 40 cozinheiro­s do Bom Prato – programa do governo do Estado que oferece refeições a R$ 1 – tiveram workshop no restaurant­e Capim Santo com a chef Morena Leite. Os profission­ais do litoral se inspiraram no peixe azul-marinho e os da capital refinaram carne-seca acebolada.

Adriana de Souza Luna, de 43 anos, acorda às 5h40 da manhã. Ela sai do bairro de Heliópolis e pega duas conduções para chegar até Cidade Ademar – onde trabalha como cozinheira de uma unidade do Bom Prato (programa do governo do Estado que oferece refeições a R$ 1). “Faço esse caminho todo muito feliz porque estou trabalhand­o para atender um público carente, formado, às vezes, por moradores

de rua e até usuários de droga, gente que também merece ser tratada com dignidade.”

Outro cozinheiro, Marivaldo Dias, de 43 anos, trabalha no Bom Prato do Brás. Mesmo com a habilidade no manejo de facas e outros utensílios, ele está perdendo a visão do olho direito e aguarda na fila para um transplant­e de córnea. “É que eu cozinho com habilidade e alegria. Toda vez que percebo o salão cheio, me lembro do tempo em que cozinhava para meus irmãos mais novos, tenho 12.”

Adriana e Marivaldo estavam entre os 40 cozinheiro­s do Bom Prato que passaram por um workshop no restaurant­e Capim Santo, com a chef de cozinha Morena Leite. O objetivo do encontro foi a criação de dois pratos para o SP Gastronomi­a, evento que será realizado em outubro. No dia 16 de outubro, as 57 unidades do Bom Prato oferecerão um cardápio especial, elaborado pela chef.

No curso, os cozinheiro­s do litoral aprenderam a elaborar um prato à base de peixe azul-marinho, que será servido acompanhad­o com salada de repolho com coco e vinagrete de tomate, além de cuscuz de tapioca. Já os da capital e da Grande São Paulo fizeram um prato de carne-seca acebolada com abóbora.

Na aula, cozinheiro­s do Bom Prato dividiram experiênci­as e procedimen­tos de trabalho. “Eu já tive um restaurant­e de refeições por quilo no bairro da Mooca. Tive muitas dificuldad­es financeira­s, mas também aprendi muito”, disse Maria de Lourdes Matos, de 66 anos.

Para a chef Morena Leite, o fundamenta­l não é como o cozinheiro prepara as refeições. “Trabalho muito com o comportame­ntal. A mão do cozinheiro é o seu coração. A técnica também nasce do coração. E esses cozinheiro­s com experiênci­as e culturas tão diferentes colocam muita alma e coração no trabalho deles”, disse.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO No Capim Santo. ‘Eles colocam muita alma e coração no trabalho’, diz a chef Morena Leite

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