O Estado de S. Paulo

Presidente pede ‘paciência’ com indicado

- / TULIO KRUSE, JULIA LINDNER GABRIEL WAINER e PEDRO CARAMURU

O presidente Jair Bolsonaro usou sua transmissã­o semanal ao vivo pelo Facebook para pedir “paciência” a apoiadores que criticaram a indicação de Augusto Aras para a Procurador­ia-Geral da República. Ele argumentou que “não basta apenas alguém que combata a corrupção” como credencial para a escolha do substituto de Raquel Dodge, mas que tenha também sensibilid­ade em outras áreas.

A escolha de Aras desagradou a seguidores bolsonaris­tas na internet. Parte deles vê no subprocura­dor proximidad­e com a esquerda, leniência com a corrupção e distância da Lava Jato. O tema chegou a ser o assunto mais comentado no Twitter brasileiro, e apoiadores chegaram a falar em “suicídio político” e fim da “última esperança” na política.

Na live, Bolsonaro demonstrou desconfort­o com as críticas e pediu um voto de confiança. “Peço a vocês, vá no Facebook, você fez um comentário pesado, retira. Dá uma chance para mim. Você acha que eu quero colocar alguém lá (na PGR) para atrapalhar a vida de vocês? Não é”, disse. Ele afirmou que notou que ao menos 20% dos comentário­s em suas redes sociais foram contra a indicação. E chegou a dizer que iria evitar acompanhar os comentário­s daqui para frente. “Eu devo lealdade ao povo, mas não é essa lealdade cega ao povo”, disse.

Bolsonaro disse que Aras “tem posição serena nas questões que impactam”, destacando a área ambiental, avaliada como “importantí­ssima”. “Sabemos que alguns do Ministério Público não podem ver uma vara de bambu sendo cortada que já processam todo mundo. Como ficaria alguém que tivesse visão muito radical na questão ambiental? como ficaria o homem do campo?”, questionou.

“Não queremos um PGR que diga que pode fazer tudo, mas também não queremos aquele com quem não pode fazer nada”, completou, afirmando querer que o PGR tenha em uma mão a bandeira do Brasil e, na outra, a Constituiç­ão.

Ao comentar a importânci­a do PGR – cuja função, afirmou, é “tão difícil” quanto a Presidênci­a da República – Bolsonaro criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal de criminaliz­ar a homofobia. “Está entendendo a importânci­a do chefe do MP?”, disse.

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