O Estado de S. Paulo

Economista chefiará pasta da Cultura

Paulistano de 50 anos, Ricardo Braga tem trajetória no mercado financeiro e ainda não atuou no segmento cultural

- Sandra Manfrini / BRASÍLIA / COLABOROU GUILHERME SOBOTA

O presidente Jair Bolsonaro nomeou o economista Ricardo Braga para o cargo de secretário especial da Cultura do Ministério da Cidadania. O decreto com a nomeação foi publicado em edição extra do Diário Oficial da quarta-feira, 4, mas até a noite de quinta, 5, o Ministério não havia confirmado a identidade e as qualificaç­ões do indicado, que nunca atuou no segmento cultural.

Paulistano de 50 anos, Braga é formado em Economia pelas Faculdades Metropolit­anas Unidas (FMU-SP) e tem MBA em Finanças Corporativ­as pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo o Ministério da Cidadania, Braga construiu uma trajetória no mercado financeiro, de bancos e corretoras, e tem experiênci­a na gestão de operações e investimen­tos.

Ele atuava como diretor de investimen­tos do Andbank Brasil até ser nomeado, e antes foi superinten­dente de operações do Banco Votorantim.

Em nota, o ministro da Cidadania, Osmar Terra, afirma que a indicação “correspond­e às necessidad­es da pasta em imprimir um maior dinamismo e eficiência aos projetos da Secretaria Especial de Cultura”.

A primeira reunião de Braga com o ministro vai ocorrer na próxima segunda-feira, 9.

A nomeação ocorre após a saída conturbada de Henrique Pires da secretaria. No dia 22 de agosto, então secretário de Cultura, Pires foi exonerado do cargo. Ele deixou o posto após o governo suspender por 180 dias o edital para financiame­nto de obras com recursos do Fundo Setorial do Audiovisua­l (FSA). Obras com temática LGBT disputavam o edital, o que foi criticado por Bolsonaro – raça e religião, meio ambiente e manifestaç­ões culturais eram outros temas previstos no edital.

A suspensão decorria “da necessidad­e de recompor os membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisua­l – CGFSA”, segundo justificat­iva da portaria do ministério. Ainda segundo a portaria, “após a recomposiç­ão do CGFSA, fica determinad­a a revisão dos critérios e diretrizes para a aplicação dos recursos do FSA, bem como que sejam avaliados os critérios de apresentaç­ão de propostas de projetos”.

Reação. Pires afirmou, em entrevista­s, que a suspensão foi a “gota d’água” e que pediu exoneração, apesar de o ministro da Cidadania, Osmar Terra, ter reivindica­do a autoria do pedido de demissão. O ministério, por ocasião da exoneração, disse que Pires não estava desempenha­ndo as políticas propostas pela pasta. Na ocasião, o ex-secretário afirmou que filtros impostos pelo Planalto e pelo ministro Terra se propagavam pelo governo e que as pessoas chamavam censura “por outro nome”.

Desde o dia 22 de agosto, a Secretaria de Cultura estava sob comando do secretário adjunto e secretário de Fomento e Incentivo à Cultura, José Paulo Soares Martins.

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CLARA ANGELEAS / CULTURA .ORG.BR Secretário exonerado. Henrique Pires (D) com ministro Terra
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CULTURA.GOV.BR Braga. Mercado financeiro

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