O Estado de S. Paulo

ICMBio gasta R$ 39 milhões com frota de carros ociosa

Os 377 carros inutilizad­os têm despesa com combustíve­l e manutenção, aponta auditoria

- André Borges / BRASÍLIA Carlos Bandeira / SANTARÉM ESPECIAL PARA O ESTADO

Custos com uma frota de 377 carros inutilizad­os foram identifica­dos por uma auditoria interna feita no Instituto Chico Mendes de Biodiversi­dade (ICMBio). Além disso, o órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente tem mais carros do que funcionári­os. Estima-se que 40% da frota, parte usada para fiscalizaç­ões, está inoperante ou subutiliza­da. A suspeita do ministério é de um suposto desvio de recursos. Procurado, o ICMBio não comentou o assunto.

O Instituto Chico Mendes de Biodiversi­dade (ICMBio), órgão vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, mantém em seus galpões uma frota de 377 carros inutilizad­os que, mesmo assim, continua a registrar gastos com combustíve­l e manutenção. A estimativa é de uma despesa anual de R$ 39 milhões com os veículos sucateados.

A reportagem esteve em um dos maiores galpões, localizado às margens do Rio Amazonas, em Santarém, no Pará. Lá, encontrou carros e caminhonet­es empoeirado­s, em que mal é possível enxergar os adesivos do ICMBio nas portas. O gasto com a frota sucateada foi identifica­do por uma auditoria interna realizada no ICMBio. O Estado teve acesso ao trabalho que está em andamento e foi encomendad­o pelo Ministério do Meio Ambiente.

Os dados apontam que, hoje, o ICMBio tem mais carros do que servidores públicos. São 1.538 funcionári­os em seu quadro em todo o País, enquanto a frota total cadastrada é de 1.986 veículos. Parte desse patrimônio é de caminhonet­es, usadas para o trabalho de campo de fiscais do órgão. Muitos veículos estão abandonado­s há anos.

Dos quase 2 mil veículos, 40% – o equivalent­e a 800 carros – estão inoperante­s ou subutiliza­dos. DesSes, 377 não funcionam. Ainda assim, seus registros apontam cobranças regulares de consumo de combustíve­l e de manutenção, conforme a auditoria. Cada carro do ICMBio tem um cartão de combustíve­l e um de manutenção. Investigaç­ões indicam que esses cartões não foram anulados e continuam a dar custos ao órgão. A suspeita de integrante­s do ministério é de que essa utilização possa estar associada a um suposto desvio de recursos.

O ICMBio não comenta o assunto. O Estado apurou que o Ministério do Meio Ambiente enviou as constataçõ­es para a controlado­ria do órgão ambiental, que tem a missão de fiscalizar 334 unidades de conservaçã­o federal do País. Questionad­o, o ministro Ricardo Salles confirmou as informaçõe­s, mas disse que aguarda desdobrame­ntos da controlado­ria.

Orçamento. O ICMBio, assim como o Ibama, teve parte de seus recursos contingenc­iados neste ano. Já o orçamento para 2020 divulgado pelo governo para toda a pasta é de R$ 561,6 milhões, queda de R$ 71,9 milhões (12%) em relação ao limite de gastos liberados para este ano. Como o Estado mostrou ontem, a pasta pretende cortar custos administra­tivos que envolvem desde serviços de faxina em seus escritório­s até o aluguel de prédios ocupados por servidores para se adaptar ao orçamento enxuto.

 ?? CARLOS BANDEIRA/ ESTADÃO ?? Santarém. Em carros empoeirado­s parados em galpão, mal dá para ver adesivo do ICMBio
CARLOS BANDEIRA/ ESTADÃO Santarém. Em carros empoeirado­s parados em galpão, mal dá para ver adesivo do ICMBio

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